Publicado 12/08/2016 09:18 | Editado 04/03/2020 16:24
Os partidos políticos que lutam contra o golpe têm à disposição um importante e poderoso instrumento de luta capaz de contribuir com a mobilização popular contra o afastamento definitivo da Dilma que está sendo julgado no Senado. No próximo dia 26, uma sexta-feira, tem início o horário eleitoral no rádio e na televisão em todo o País. A votação final do chamado impeachment está prevista para o dia 29, segunda. E domingo, dia 28, é um dia ideal para um grande ato político nacional contra o golpe, para que a população brasileira grite “Fora Temer”, em defesa da democracia, nenhum direito a menos.
Agora, imaginem todas as candidatas e candidatos aos cargos de vereador e prefeito, em 5.570 municípios brasileiros, pelo menos do PT, PCdoB, PDT, PSOL, entre outros, utilizarem o programa e as inserções do primeiro dia da campanha eleitoral no rádio e na televisão, onde houver, para protestarem contra o golpe e convocarem a população para um ato no domingo, dia 28. Juntos, apenas esses quatro partidos terão cerca de 20% do tempo do programa e das inserções. Serão nada menos do que 2 minutos em cada bloco do programa e 14 minutos de inserções, isso apenas no primeiro dia de exibição da propaganda. Será um acontecimento histórico, um espaço em rede de rádio e televisão jamais utilizado pelo movimento popular com um objetivo bem definido.
Para transformar essa ideia em realidade, porém, é preciso uma ampla articulação nacional envolvendo as direções dos partidos citados e as duas frentes que congregam as entidades representativas dos movimentos populares e sindicais, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo sem Medo, que promoveriam o ato no dia 28. Certamente, todos aqueles que defendem o golpe ou, de forma oportunista, alegam estar “indecisos” ou sem opinião, terão que se posicionar, em especial os candidatos e candidatas que utilizarão o horário eleitoral. Isso é salutar, pois assim o povo saberá qual a posição de seus candidatos e candidatas sobre o golpe.
Há ainda uma razão especial para utilizar o horário eleitoral para denunciar o golpe e mobilizar o povo. Será uma oportunidade única de já começar a campanha no rádio e na tv colocando na ordem do dia a discussão da conjuntura nacional. Afinal, de que adianta prefeitos e vereadores prometerem postos de saúde sem SUS e escolas sem financiamento público? De que adianta prometer uma administração eficiente para um povo sem trabalho, sem casa, sem aposentadoria e sem nenhum direito, incluindo o direito democrático de protestar contra tudo isso? Afinal, ou a gente derrota o golpe ou a própria democracia será derrotada pelo governo golpista.
*Sousa Júnior é publicitário e militante do Movimento Democracia Participativa.
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