Estudantes de Chapecó realizam 23 º Congresso da UMES

No último domingo (19), ocorreu na escola Bom Pastor, em Chapecó o 23º Conumes – Congresso Municipal da UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas) de Chapecó. Além de discussões sobre diversos temas, como cultura, lazer, esporte, educação, feminismo, movimento LGBT, passe livre e inserção dos jovens no mercado de trabalho, os estudantes elegeram o novo presidente da entidade. Talia Leite deixa a presidência da UMES e assume Eduardo Mariuzza.

congresso UMES

A cada dois anos a Umes realiza o congresso, reunindo estudantes do ensino fundamental, médio, técnico e pré-vestibular para renovar as bandeiras de luta da entidade e debater política com a cara da juventude. Neste ano, mais de 25 escolas estiveram presentes, com delegados representando milhares de estudantes do município.

“O nosso congresso representou tudo o que construímos no último período, depois de muitos anos realizar o nosso evento em uma das escolas mais conservadoras e resistentes com o movimento estudantil da nossa cidade significou muito a todos nós, que passamos inúmeras dificuldades com as direções das escolas e a Gerência de Educação”, disse a ex-presidente da entidade, Talia.

Para Talia, “congresso foi grande e representativo, o auditório da escola Bom Pastor estava lotado, cheio de estudantes vindos de todas as regiões das cidades, os debates foram calorosos com debatedores que traziam sua experiência na comunidade acadêmica ou na vida pessoal para fomentar a discussão e conscientização da galera”.

De acordo com o novo presidente da entidade, o movimento estudantil secundarista tem muita história na cidade de Chapecó, “então é uma responsabilidade muito grande presidir esta entidade, mas eu não estou aqui sozinho, a UMES é uma entidade que sempre foi construída no coletivo”, expôs Eduardo.

“Nesta última gestão, da Talia, o movimento vivenciou uma grande reestruturação, e muitos grêmios foram reativados, como o do Marechal Borman, o do Bom Pastor e o do Nelson Horostecki”, lembra o presidente.

Segundo Eduardo, a missão da sua gestão é ampliar os trabalhos que já vinham sendo realizados. “Nesta nova gestão, temos como missão, além de manter a estrutura já construída, ampliar ainda mais, com mais grêmios estudantis chegando a escolas que antes não foi possível; sempre de forma democrática e próxima dos estudantes”, assinala.

Por o movimento estudantil na ativa
Talia também lembra que a UMES passou por duas grandes reestruturações. Uma há mais tempo, após a Ditadura Militar, e outra mais recentemente, após ficar inativa por vários anos. Por isso, avalia que sua gestão foi difícil. “Foi uma gestão difícil porque a cultura de movimento estudantil tinha se perdido na cidade, ainda mais em uma cidade conservadora como Chapecó esse processo se tornou ainda mais doloroso”, avalia.

Entretanto, pôr o movimento estudantil na ativa não foi muito complicado para ela. “Como o movimento estudantil se destaca de todos os outros movimentos sociais por trabalhar com o público jovem, que já carrega em seu DNA a vontade de mudança, em pouco tempo conseguimos levantar a entidade construindo grêmios e fazendo lutas de diferentes formas”, recorda.

Talia avalia sua gestão de forma extremamente positiva, “pois cumprimos o papel de reconstruir a entidade, de deixar uma base sólida e orgânica para os que estão chegando, conquistamos a base de luta respaldo político da sociedade e de autoridades que antes não tinham respeito pela entidade, mas que agora têm e parabenizam o trabalho feito”, conclui.

10% do PIB para a educação
Foi na gestão de Talia Leite que o movimento estudantil conquistou os 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação “que era um sonho de toda juventude brasileira”, destaca ela. “Conquistamos também o Plano Nacional de Educação com as nossas pautas, lutamos contra o aumento da tarifa em Chapecó e garantimos sua redução, conseguimos o aumento do número de passes e o desbloqueio do cartão de estudante nos fins de semana”, comemora.

Também foi na gestão de Talia que houve grande luta contra a reorganização das escolas, com paralisações em vários estabelecimentos de ensino. Ainda, foram realizados inúmeros debates acerca do feminismo e a questão de gênero nas escolas. A UMES também construiu, junto à UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), a luta contra a redução da maioridade penal que permanece até hoje.

“Participamos e fomos a maior bancada do ENET (Encontro Nacional de Escolas Técnicas) da UBES, onde fizemos uma grande mobilização em volta dos estudantes do ensino técnico da cidade e região, levantamos inúmeras discussões sobre pautas que envolviam a juventude para que os estudantes dessem sua opinião e viessem junto ajudar reconstruir a UMES”, informa Talia.

Resistência e luta
Para Talia, o movimento estudantil é a grande base das mudanças sociais. Nesse momento pelo qual passa o nosso país, resistir e lutar é necessário. “Nossa unidade e responsabilidade com o Brasil se fazem ainda maiores, porque os jovens têm os sonhos mais bonitos da sociedade e têm a força e a coragem de lutar para transformá-lo. Como diz Emicida: é preciso amar, lutar e resistir! Se não for nós, não vai ser ninguém”, diz Talia.

Ainda, Talia lembra que não se pode esquecer quem rasgou a Constituição Brasileira, dando um golpe na democracia. Ela ressalta que não se pode esquecer de quem está tirando os nossos direitos em nome de política suja e corrupta que não respeita a vontade do povo. “Não podemos esquecer dos golpistas, Temer e Cunha, estes devem estar na cadeia”, assevera.

“Esse ano eu me despeço do movimento secundarista com os sentimentos mais bonitos possíveis, porque a escola falhou no seu papel de me formar enquanto cidadã, mas o movimento estudantil conseguiu fazer isso na vida, então eu agradeço por tudo que passei, pelos perrengues, pelas dores de cabeça, pelas noites sem dormir, pelas lagrimas que em momentos difíceis caíram, mas também agradeço por todas as alegrias que a luta me proporcionou, por cada brilho no olhar de cada estudante conhecendo o movimento estudantil e por todas as pessoas maravilhosas que conheci e troquei experiências, agradeço por todo aprendizado que a UMES me proporcionou nesses anos”. Diz Talia.

E complementa “Porque ser mulher e fazer movimento estudantil não é nada fácil, é uma escolha diária, mas no final olho para trás e vejo tudo valeu a pena, porque lutar é necessário. Agora em agosto adentro a universidade, e com certeza continuarei dando minhas contribuições, mesmo que de formas diferentes, para o movimento estudantil, me despeço da UMES e da UBES e dou um olá a UNE (União Nacional dos Estudantes).”