Chico Lopes: Afastamento de Dilma é foco de debate na Câmara
Parlamentares e representantes de movimentos sociais fazem balanço das consequências negativas do golpe no país. Discussão ocorreu na Comissão de Legislação Participativa.
Publicado 16/06/2016 10:12 | Editado 04/03/2020 16:24
Na última quarta-feira (15/06), deputados e integrantes de movimentos organizados na sociedade debateram os desafios da construção da democracia no Brasil em audiência pública da Comissão de Legislação Participativa (CLP) da Câmara dos Deputados.
À frente do colegiado, o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE) apontou aspectos perversos da interrupção democrática em curso no país. “Temos de reforçar a luta pela cassação de Eduardo Cunha, comandante do golpe. Vamos intensificar a pressão pela saída do traidor golpista Michel Temer e pela volta da presidenta Dilma Rousseff, pelo restabelecimento da democracia e pela correção das injustiças que foram cometidas,” garantiu.
Ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcelo Lavenère considerou o processo de impeachment “um ataque solerte, covarde, mentiroso ao mandato constitucional da presidenta. Um ataque que não atinge somente a presidenta e seus apoiadores, mas tem por alvo a própria soberania nacional”.
Ricardo Gebrim, representante da Frente Brasil Popular, considerou que “a luta pela democracia é definidora no nosso processo histórico. Em 1964, as elites se valeram das Forças Armadas para o golpe; hoje, recorrem à Polícia Federal, ao Ministério Público e a alguns juízes federais. Mas é possível barrá-lo. Nós vamos derrotá-lo e construir um projeto popular para o Brasil”.
Integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues lembrou que, no país, “os períodos democráticos são curtos, sempre interrompidos quando as conquistas sociais começam a avançar”. Ele afirmou que o MST defende reformas estruturais, a discussão do papel do Estado e da soberania nacional, numa Constituinte exclusiva. “Por isso, o MST está empenhado na defesa do mandato da presidenta Dilma até o fim”, afirmou.
Para o deputado João Daniel (PT-SE), “vivemos um momento em que as elites brasileiras se aliaram às elites internacionais para dar um golpe. Estamos vendo, a cada dia, retirada de conquistas duramente alcançadas pelo movimento social”.