Senador denuncia influência de Eduardo Cunha no governo Temer
O senador Humberto Costa (PT-PE) engrossou o coro dos parlamentares que vem denunciando a influência do presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no governo golpista de Michel Temer. “Eduardo Cunha é quem está mandando no país e é o verdadeiro presidente interino do Brasil, mesmo afastado do mandato e da presidência da Câmara dos Deputados”, é a frase que se tornou corrente entre os parlamentares.
Publicado 20/05/2016 15:12
Segundo o senador, apesar de não poder entrar nas dependências da Câmara, Cunha organizou o bloco parlamentar do “Centrão”, que reúne cerca de 350 deputados de 13 partidos, para fazer pressão sobre o presidente interino Michel Temer.
Humberto alertou que Eduardo Cunha também nomeou como líder do governo um grande aliado seu: o deputado Sérgio Moura (PSC-SE), que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em inquéritos sobre crimes que vão de apropriação indébita de dinheiro público a tentativa de homicídio.
O senador lembrou ainda que o deputado afastado nomeou seu assessor pessoal para a chefia do gabinete da Casa Civil e que seu próprio advogado é agora subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, um cargo que faz o controle primário de todas as leis e medidas provisórias.
E ironizou: “Volto a dar parabéns aos que foram às ruas com o argumento de que era preciso tirar Dilma para acabar com a corrupção no Brasil. Está aí o que essas pessoas colocaram de melhor no comando do país: Eduardo Cunha, de ventríloquo, e Michel Temer, o presidente sem voto, de marionete. Que bela troca, caros golpistas.”
Cunha volta à Câmara
Eduardo Cunha confirma as denúncias feitas pelos parlamentares. Ele anunciou, nesta quinta-feira (19), que voltará a frequentar a Casa na próxima segunda-feira (23). Ao sair de reunião no Conselho de Ética, onde depôs por cerca de sete horas, Cunha explicou a jornalistas que poderá ser encontrado no gabinete 510, desafiando as determinações do STF.
“Eu estou suspenso do exercício do mandato e não do mandato”, disse, em referência à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o afastou em 5 de maio. Cunha foi afastado do mandato e da presidência da Câmara por estar atrapalhando as investigações da Lava Jato, na qual o deputado é réu em uma ação e investigado em vários procedimentos.
"Além de representar risco para as investigações penais sediadas neste Supremo Tribunal Federal, (a permanência de Cunha) é um pejorativo que conspira contra a própria dignidade da instituição por ele liderada", escreveu o ministro do Supremo Teori Zavascki na ocasião.