Intolerância religiosa é crime, mas denúncias ainda são poucas
Intolerância religiosa é crime, assim como o racismo, e podem ser denunciados discando o número 100. O chamado Disque 100, principal canal da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos para registro de denúncias, contabilizou no ano passado o total de 556 denúncias de intolerância religiosa no Brasil. Os registros não condizem com a realidade brasileira, mas há cinco anos, quando o serviço começou a registrar as denúncias, foram realizadas apenas 15. Hoje, o canal registra aumento de 3.706%
Publicado 10/05/2016 11:37
Apesar de serem poucos registros, o ritmo de crescimento de denúncias tem subido a cada ano. Somente em relação à 2014, foram registradas no ano passado 273% mais casos de violações em intolerância religiosa.
Discriminação por religião
O aumento, segundo a ouvidora Nacional de Direitos Humanos, Irina Karla Bacci, não representa o número de casos reais, que passam por investigação, mas de denúncias por parte da população. Ela também ressalta que aumentou muito o número de denúncias de intolerância religiosa na internet.
“Muitas das violações que nós da Ouvidoria recebemos ocorrem no âmbito da internet, com divulgação de vídeos que associam por exemplo religiões de matrizes africanas a culto do diabo e as pessoas se sentem ofendidas e denunciam. Também há um crescente número de casos de terreiros que foram invadidos e queimados, com toda sua história apagada por esses atos de vandalismo”, explica.
O disque-denúnica junto com a Ouvidoria Online e o Clique 100 realizaram 324.892 atendimentos em 2015, dos quais 42% se referiu ao registro de denúncias de violações de direitos humanos. Mais de 270 mil atendimentos foram para encaminhar denúncias aos órgãos da rede de proteção integral de direitos humanos e ao sistemas de justiça. Com isso, os serviços da Secretaria de Direitos Humanos recebeu a média de 376 denúncias por dia.
Os dados são da Secretaria de Direitos Humanos, vinculada ao Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.