Sindicatos e governo apontam risco de retrocesso para as mulheres
Os avanços conquistados pelas mulheres brasileiras nos últimos anos correm o risco de retrocesso, avaliaram representantes sindicais e do governo que participaram de debate sobre a democracia na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado nesta segunda-feira (2).
Publicado 03/05/2016 15:09
A audiência pública foi a terceira do ciclo de debates sobre democracia realizado pela CDH. As anteriores tiveram a participação de juristas e de representantes religiosos. A próxima audiência do ciclo de debates vai acontecer nesta quarta-feira (4) com a participação de artistas.
Um dos temas discutidos nesta segunda-feira foi a autonomia econômica feminina e salários iguais para trabalhos iguais entre homens e mulheres. Essa independência começa pelo acesso à educação, segundo Ailma Maria de Oliveira, presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) em Goiás.
Ela afirmou que não tem sido respeitado o direito a três meses de licença para estudantes gestantes. “As escolas impõem à estudante que ela tenha no máximo um mês (de licença). Isto tem provocado uma grande evasão, principalmente das estudantes gestantes.”
Ana Palmira Arruda Camargo, diretora de Comunicação do Sindicato dos Auditores Fiscais, reclamou do desrespeito a direitos trabalhistas, especialmente de funcionárias terceirizadas. “Nós sabemos daquela trabalhadora, principalmente no telemarketing, que não pode levantar nem para ir ao banheiro.”
Contras as mulheres
A secretária Nacional de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, que também participou da audiência, protestou contra o impeachment da presidenta da República, Dilma Rousseff, a quem atribui muitas das conquistas das mulheres, como a universalização da política de combate à violência contra as mulheres e a lei das trabalhadoras domésticas.
A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) afirmou que as propostas de reformas anunciadas pelo vice-presidente Michel Temer caso chegue à Presidência serão um retrocesso. “Eu fico pensando o quanto de destruição tem esse programa do ponto de vista dos direitos sociais, inclusive de nós mulheres”, declarou.