Ato no anhangabau em sp 1º de maio - Laís Gouveia
Edson Carneiro Índio, secretário geral da Intersindical declarou que o dia do trabalhador de 2016 entra para a história com "a marca da resistência". "É da resistência, é da luta pela democracia e de reafirmar que vamos fortalecer as nossas organizações e a nossa relação com a classe trabalhadora", definiu.
Para ele o momento é de "gravidade" já que neste 1º de maio "o país acaba de sofrer um golpe".Continuou Índio: "Um golpe dado pela mídia,pelo grande capital, pelos banqueiros e um golpe para avançar sobre os direitos dos trabalhadores", disse.
De outro lado, o dirigente da Intersindical vê como combustível indispensável para as iniciativas em defesa da democracia a mobilização da sociedade brasileira rejeitando o golpe. "Tenho clareza que a gente vive talvez nos últimos dois meses o maior processo de mobilizações de massa dos últimos 30 anos com uma pauta clara de esquerda. São centenas e milhares de pessoas nas ruas debatendo política e poder", opinou.
Retirada de direitos
Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), disse que a classe trabalhadora tem a dimensão do risco que se esconde por trás do golpe contra a democracia. "A direita não aceitou o resultado das eleições e colocou o Brasil em um clima de instabilidade", ressaltou. Na opinião dele, um eventual governo do vice-presidente Michel Temer vai fazer com que o país retroceda nas conquistas socias e atenta contra direitos trabalhistas históricos.
"É também caminhar rumo aquilo que é mais nocivo, que é o que propõe o programa do PMDB. É voltar aos tempos das privatizações, submetido aos interesses do capital estrangeiro, do FMI e assim é advogar a tese que defende o fim da CLT e de direitos elementares garantidos pela constituição de 88, como férias, 13º e licença maternidade, entre outros", enumerou.
O dirigente destacou a ameaça à política de valorização do salário mínimo, uma das principais conquistas da classe trabalhadora nos governo de Lula e Dilma. " Foi um conjunto de conquistas substanciais que impactaram mudança importante na vida das pessoas. Um ambiente que permitiu que até 2014 mais de 90% dos trabalhadores garantissem aumento real do salário. È emblemático que só depois de 50 anos tenha se concretizado uma política de valorização do salario minimo com impacto direito na economia", argumentou. Adilson.
Salário valorizado e economia aquecida
Segundo o coordenador técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Clemente Ganz, a política de valorização do salário mínimo brasileiro foi o maior acordo salarial da história do Brasil e um dos maiores do mundo.
"Afetou a vida de milhões de trabalhadores ao mesmo tempo. Trabalhadores que nunca tiveram uma representação sindical, parte deles na informalidade, em micro e pequenas sem representação", lembrou Clemente. Além de proteger o trabalhador o acordo dinamizou a economia.
"Foi a base para uma dinâmica econômica de quase uma década de crescimento do mercado interno porque cresceu o emprego, porque cresceu o salário e aumentou o poder de consumo da população e a economia também cresceu", explicou o diretor do Dieese.
Para Clemente foi o caráter inovador da política brasileira de valorização do salário mínimo, fruto da mobilização do movimento sindical brasileiro, que fez essa iniciativa se tornar referência no mundo.
"Principalmente depois de 2008, muitos países se inspiraram na política do salário mínimo do Brasil, entre eles a Alemanha, que nunca teve salario mínimo definido em lei e devido ao nível de precarização que passou a experimentar, sobretudo no caso dos imigrantes, implantou o salário mínimo, também baseado na experiência brasileira"
Governo ilegítmo será denunciado
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-Nacional), Vagner Freitas, disse que o movimento sindical está capacitado para dar a resposta e representar os trabalhadores. O dirigente lembrou que um possível governo Temer não "terá um dia de sossego". "Ele vai ter muito problema porque a juventude vai aonde ele estiver. Vamos denunciar nas fábricas, na roça, nas ruas, que Temer é um golpista. Vamos organizar prévias contra ele, nas oocupações, tanto no campo quanto na cidade. Não vamos permitir que ele coloque no Brasil a agenda do patrão", afirmou.