Dino enfrenta a crise com gestão popular, que ouve setor produtivo
Primeiro governador do PCdoB, Flávio Dino conseguiu a proeza de desbancar a família Sarney do comando do Maranhão na última disputa eleitoral. A este desafio, se segue agora outro: levar adiante a agenda positiva que propõe, em um cenário de crise econômica. Matéria publicada no Valor Econômico, nesta segunda (25), informa que, apesar do cenário adverso, o comunista é aprovado por 65% da população. E, em uma gestão de perfil popular, recebe elogios inclusive do setor produtivo.
Publicado 25/04/2016 15:21
"Se existe surpresa, é uma surpresa agradável", diz ao Valor o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), Edilson Baldez Neves sobre a experiência do governo de Dino no Estado.
Neves é um dos empresários que integram o conselho que participa de reuniões mensais com o governo. Nestes encontros, são discutidas medidas que possam ajudar a economia e os negócios no Estado.
"As decisões são tomadas na hora, todos os encaminhamentos são feitos com os secretários. Eles estão ouvindo e negociando. Isso para a gente é uma surpresa muito agradável", completa o presidente da Fiema.
No primeiro ano de mandato, Dino aumentou salários de servidores. Segundo o Valor, “os professores, por exemplo, com 40 horas de aula por semana passaram a ter, segundo dados do governo, o segundo maior salário do país, de cerca de R$ 4,9 mil”.
Além disso, cita a reportagem, o governo deu início a uma série de obras de asfaltamento, concedeu R$ 70 milhões em isenções fiscais para impulsionar a iniciativa privada e montou um programa com serviços em 30 cidades com piores indicadores sociais, pagando R$ 20 mil para médicos e R$ 9 mil para enfermeiros. Também passou a substituir escolas que existiam em situação precária – algumas ainda ocupavam construções de barro e palha – por escolas de tijolo e cimento.
Como as dificuldades econômicas do país não pouparam o Maranhão, este ano, o ritmo das ações deve ser mais lento, prevê o governador. "No ano passado a gente conseguiu andar bem, Neste ano, não conseguimos ampliar benefícios para servidores. Zero. É impossível. Não tem dinheiro. Alguns concursos, tivemos de adiar. E algumas coisas diminuímos o ritmo. No ano passado, por exemplo, tivemos obras asfaltamento em 100 cidades e neste ano, no máximo, vamos chegar a 30", conta Dino ao jornal.
O texto do Valor ressalta que a gestão comunista no Estado consegue agregar diversas forças políticas, tendo inclusive atraído o PT para base de sustentação. E destaca a prioridade do governo de combater “o patrimonialismo escancarado que misturava negócios de governo com negócios privados”, cujo exemplo mais visível e simbólico talvez seja a quantidade de escolas, hospitais, pontes, fóruns e toda sorte de equipamentos públicos que recebem o nome da família Sarney.
"É uma visão reveladora de como se procurou eternizar supostos atributos individuais por intermédio do poder público", aponta Dino, na reportagem. O texto destaca que uma das medidas do governador foi estabelecer que prédios públicos só poderão receber nomes de pessoas que já faleceram e que não sejam ficha suja. “O Ministério Público Federal gostou da ideia e passou a recomendar que a regra retroagisse”, diz a matéria.
Dino lembra à publicação que sua gestão tem ficado reconhecida pela transparência e lisura. "Eu não tenho nenhuma empresa familiar, nem pessoal prestando serviços para o Estado, nem empresas de amigos. Nosso governo tem um ano e três meses e não tem nada do que se aproxime do patrimonialismo", afirma. "Nós saímos do último lugar no ranking da Controladoria-Geral da União e chegamos em primeiro lugar, em transparência, em controle de gastos públicos", completa.
“O Maranhão tem hoje como seus principais polos de negócios o porto de Itaqui, a duplicação de uma ferrovia da Vale, a ampliação da fábrica de celulose da Suzano, empresas de ferro gusa e o agronegócio, com destaque de feijão, milho e soja”, escreve o Valor. Por outro lado, o diário sublinha que o Estado “tem o histórico de ser um dos mais pobres do país. É o segundo em casos de hanseníase e o analfabetismo atinge 20% dos adultos”.
À reportagem, Dino externa sua disposição de agir para mudar a realidade de sua terra, sinalizando qual é sua prioridade. Nesse sentido, "diz que sua ‘utopia ideológica’ é um Maranhão que ofereça oportunidades iguais a todos".