Chico Buarque, artistas e intelectuais convocam ato contra o golpe
Chico Buarque e Wagner Moura convocam ato contra o golpe O ator Wagner Moura, o teólogo Leonardo Boff, o compositor Chico Buarque e os jornalistas Fernando Morais e Eric Nepomuceno, entre outros intelectuais participarão de um ato de repúdio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff na próxima segunda-feira (11), às 17h, no Rio de Janeiro.
Publicado 09/04/2016 13:34
Um manifesto assinado pelos artistas convoca para um ato em defesa da democracia, no dia em que está prevista a votação do processo de cassação do mandato da presidente na Comissão do Impeachment da Câmara.
Também deverão participar os compositores João Bosco e Aldir Blanc, os atores Paulo José, Marieta Severo e José de Abreu. O manifesto não é necessariamente a favor do governo e sim em defesa do mandato da atual presidente. Eles consideram o impeachment como “golpe”.
“Muitos de nós vivemos, aqui e em outros países, o fim da democracia. Todos nós, de todas as gerações, vivemos a reconquista dessa democracia. Defendemos e defenderemos, sempre, o direito à crítica, por mais contundente que seja, ao governo – a este e a qualquer outro. Mas, acima de tudo, defendemos e defenderemos a democracia reconquistada. Que isso que tentam agora os ressentidos da derrota e os aventureiros do desastre (o impeachment) não custe o futuro dos nossos filhos e netos”.
Leia abaixo o texto completo:
“Com este manifesto estamos convocando a todos para um ato unitário em defesa da democracia. Será na próxima segunda-feira, dia 11 de abril, às cinco da tarde, na fundição progresso, na Lapa, Rio de Janeiro.
O que vivemos hoje no brasil é uma clara ameaça ao que foi conquistado a duras penas: a democracia. uma democracia ainda incompleta, é verdade, mas que soube, nos últimos anos, avançar de maneira decidida na luta contra as desigualdades e injustiças, na conquista de mais espaço de liberdade, na eterna tentativa de transformar este nosso país na casa de todos e não na dos poucos privilegiados de sempre.
Nós, trabalhadores das artes e da cultura em seus mais diversos segmentos de expressão, estamos unidos na defesa dessa democracia.
Da mesma forma que as artes e a cultura do nosso país se expressam em sua plena – e rica, e enriquecedora – diversidade, nós também integramos as mais diversas opções ideológicas, políticas, eleitorais.
Mas nos une, acima de tudo, a defesa do bem maior: a democracia. o respeito à vontade da maioria. o respeito à diversidade de opiniões.
Entendemos claramente que o recurso que permite a instauração do impedimento presidencial – isso que em português castiço é chamado de ‘impeachment’ – integra a constituição cidadã de 1988.
E é precisamente por isso, pelo respeito à constituição, escudo maior da democracia, que seu uso indevido e irresponsável se constitui em um golpe branco, um golpe institucional, mas sempre um golpe. quando não há base alguma para a sua aplicação, o que existe é um golpe de estado.
Muitos de nós vivemos, aqui e em outros países, o fim da democracia.
Todos nós, de todas as gerações, vivemos a reconquista dessa democracia.
Defendemos e defenderemos, sempre, o direito à crítica, por mais contundente que seja, ao governo – a este e a qualquer outro.
Mas, acima de tudo, defendemos e defenderemos a democracia reconquistada. uma democracia, vale reiterar, que precisa avançar, e muito. que não seja apenas o direito de votar, mas de participar, abranger, enfim, uma democracia completa, sem fim. em que cada um possa reivindicar o direito à terra, ao meio-ambiente, à vida. à dignidade.
Ela custou muita luta, sacrifício e vidas. custou esperanças e desesperanças.
Que isso que tentam agora os ressentidos da derrota e os aventureiros do desastre não custe o futuro dos nossos filhos e netos.
Estamos reunidos para defender o presente. para espantar o passado. Para merecer o futuro. Para construir esse futuro. Para merecer o tempo que nos foi dado para viver.
Leonardo Boff
Chico Buarque de Hollanda
Wagner Moura
Fernando Morais
Eric Nepomuceno”