Oposição não tem agenda para o país, só impeachment, diz Jaques Wagner

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feita (14), o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou que o governo avalia que os protestos convocados pela direita conservadora realizados neste domingo (13) mostram o “cansaço” da população com a classe política do país.

Jaques Wagner

“Avaliamos que há, sim, uma rejeição, e que o povo está cansado e abusado da classe política. Não tem ninguém fazendo oposição ou sendo propositivo. Assim como o empresário que está cansado de tanta indefinição”, declarou Wagner.

Para o ministro, ao ato é um reflexo direto do atual cenário econômico. “As pessoas estão indo para as ruas por quê? Tudo contribui, mas o carro-chefe é a vida das pessoas, ou seja, leia-se 'economia'. Se tudo tiver uma maravilha, o cidadão não está nem olhando”, enfatizou.

O ministro falou após a reunião semanal da coordenação política realizada comandada pela presidenta Dilma Rousseff. Segundo o ministro chefe da Cada Civil, o governo vai reagir ao cenário econômico, "intensificar" o diálogo com a base aliada e colocar os ministros de todos os partidos para conversar com o Congresso Nacional.

Ele fez questão de ressaltar que, apesar do governo tentar reagir, a oposição tem buscado a política do quanto pior melhor. Ele lembrou que desde janeiro do ano passado parte da oposição tem “agenda única”, que é o impeachment da presidente da República. “Quer dizer, eles estão interditando o país”, observou.

Wagner enfatizou que as mobilizações deste domingo devem se repetir para pressionar pela aprovação de uma reforma política “efetiva”.

O ministro também comentou as ações de grupos do Judiciário contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, Lula virou “troféu para ver quem pega primeiro”.

Ele também não poupou críticas ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato. Afirmou que Moro “traçou um plano” para “criminalizar a política”.

“Quer dizer, criou-se uma tese de que ele [Lula] é chefe de uma gangue, então se investigam pessoas e não crimes. Quer dizer, não é uma coisa clara. Eu acho que tem gente babando sangue querendo provar [que Lula cometeu crimes] e ele virou o troféu para ver quem pega primeiro”, afirmou Wagner.

O ministro chamou de "espetaculoso" o trabalho da Lava Jato. “Houve um plano traçado pelo [juiz] Moro e ele está quase chegando ao seu objetivo, que é criminalizar a política. Vocês já viram algo tão espetaculoso que durou tanto tempo?”, disse o ministro.

Jaques Wagner também se disse “preocupado” com a campanha que tenta eleger um “salvador da Pátria”. “E como eu não acredito nisso [em salvadores], acho que estamos nos preparando é para alguma coisa complicada”, frisou.

Para o ministro, o momento no Brasil é de “negação” da política, o que pode resultar em um regime autoritarista. “Quer dizer, qual é a democracia que meu neto vai ter quando crescer?”, indagou.

E completou: “Ou seja, se a máquina é de entortar gente, mesmo que a pessoa seja direita, ela entorta ou cai fora. Se a gente não patrocinar uma reforma política, vamos ter outros casos como estes [investigados na Lava Jato] daqui a três, quatro anos”.

Líder do governo

Antes da coletiva do minsitro da Casa Civil, o líder do governo no Congresso Nacional, senador José Pimentel (PT-CE), conversou com os jornalistas após a reunião da coordenação e disse que Dilma pediu que seus auxiliares busquem ampliar o diálogo com integrantes da base.

Segundo o líder do governo, Dilma demonstrou em meio à reunião estar “tranquila” em relação aos protestos.

“Nós não podemos desconhecer o tamanho da mobilização. Temos de compreender o que ali está sendo apresentado e construir saídas. O que deixou todos nós assustados é que as mobilizações rejeitaram todos os políticos, independentemente de partido”, disse Pimentel.

Segundo ele, as saídas discutidas na reunião foram “conversar e ouvir muito”.

Participaram da reunião da coordenação política desta segunda-feira (14) os ministros Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), Edinho Silva (Comunicação Social), Jaques Wagner (Casa Civil), Gilberto Kassab (Cidades), André Figueiredo (Comunicações), Antonio Carlos Rodrigues (Transportes), Marcelo Castro (Saúde) e Carlos Vieira (interino da Integração Nacional), além dos líderes do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), e no Congresso, senador José Pimentel.