Steinbruch defende reaquecer mercado interno via crédito

Ofertar crédito para reativar o mercado interno, retomar investimentos e manter os incentivos à exportação. Essa é a receita defendida pelo diretor-presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, para superar os problemas da economia brasileira. Em artigo na Folha de S. Paulo, ele defendeu ainda que “juros civilizados são fundamentais”. O empresário integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que a presidenta Dilma Rousseff reúne na próxima quinta (28).

Crédito pode reativar mercado interno

“A desvalorização do real, uma das maiores entre as moedas emergentes, já começou a ajudar as exportações. É indispensável incentivá-las ainda mais, especialmente nas áreas em que o País é competitivo, como em produtos agroindustriais. Não se pode esperar, porém, que a recuperação da economia venha apenas do impulso exportador”, disse Steinbruch, lembrando que a demanda global vai se retrair ainda mais no curto prazo, com a queda do petróleo.

Para ele, nesse cenário, os olhos devem se voltar, sim, para dentro do país. Defendendo a política de incentivo ao consumo doméstico – que muitos apontam ter se esgotado -, ele destacou que o mercado interno possui 200 milhões de consumidores. “Reativá-lo [o mercado interno] é possível, apesar de todo o pessimismo e das críticas injustas ao modelo adotado na crise de 2008. É obrigatório também retomar investimento em infraestrutura e construção, grandes geradores de emprego”, sugeriu.

De acordo com o empresário, o caminho para reaquecer o consumo interno passa pelo crédito. “Às famílias endividadas e inadimplentes pode ser oferecida a renegociação dos empréstimos com juros civilizados. E, às empresas combalidas, refinanciamentos para que possam levantar e andar”, defendeu.

O diretor-presidente da CSN comentou a decisão do Copom, que na semana passada manteve a taxa básica de juros em 14,25%, contrariando as expectativas iniciais de alta. Para ele, prevaleceu o bom senso. “Um país arrasado pela recessão não pode aumentar sua taxa básica de juros, a menos que queira ser motivo de chacota global”, disparou.

Segundo ele, o país percisa também de um “choque de confiança”, que, avaliou, poderia vir da apresentação de um plano de reformas ao Congresso.

Em seu texto, Steinbruch contextualizou aas dificuldades brasileiras num cenário de crise global. “O desaquecimento da demanda chinesa derruba o preço das matérias-primas, desde o petróleo até os metais e as commodities agrícolas”, lembrou.

“Nesse cenário, as petrolíferas, entre elas a Petrobras, já adiaram quase 70 projetos de exploração ao redor do mundo, o que levou a um corte de investimentos de quase de US$ 400 bilhões no ano passado. O efeito petróleo se espalha por todas as cadeias globais. A Europa patina, os emergentes perdem posições e só a economia americana ainda vai bem”, completou, no artigo.