Samarco-Vale diz que não há provas que lama em Abrolhos seja sua
Responsável pelo maior desastre ambiental da história do país, a Samarco-Vale disse que não há qualquer comprovação técnica de que a mancha observado na região de Abrolhos, na Bahia, seja resultado do rompimento da Barragem de Fundão, de sua propriedade. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), identificou uma mancha de sedimentos na região do Arquipélago de Abrolhos, região sul do estado.
Publicado 09/01/2016 09:52
Por meio nota, a Samarco-Vale disse que acompanha o comportamento da pluma de turbidez que chegou ao oceano, mobilizou equipes e coletou amostras que serão avaliadas em laboratório. “Dados sobre a direção de ventos e intensidade de marés registrados nos últimos dias apontam para uma probabilidade muito baixa de deslocamento da pluma de turbidez do litoral de Linhares até o Arquipélago de Abrolhos.” diz a nota. A julgar pelo histórico da Samarco-Vale, essa parece ser mais uma tentativa de se eximir da responsabilidade.
A conduta "acompanhar" também é pratica recorrente da mineradora que diante do eminente risco de rompimento das barragens não preparou sequer um plano de retirada da população da região, nem mesmo uma sirene de aviso, provocando a morte de pelo menos 17 pessoas.
Além disso, mesmo com todos os danos ambientais e sociais causados pela sua ganância, a empresas recorreu na Justiça contra a multa aplicada pelos órgãos de fiscalização ambiental de R$ 250 milhões, valor esse que é irrisório diante do dano que a empresa provocou.
Sobre a mancha em Abrolhos, a Samarco-Vale diz que existem outros fatores que podem ter influenciado a movimentação de sedimentos na região costeira do Espírito Santo e sul da Bahia. “[Houve] o registro de fenômenos climáticos que ocasionaram, nos últimos dias, a formação de ondas no litoral entre 1,5m e 2,5m que provocaram ressuspensão natural de sedimentos outros que não têm relação com o ocorrido na Barragem de Fundão”, diz a nota.
Mas os técnicos do Ibama que sobrevoaram a área discordam da avaliação da empresa. Segundo a presidente do instituto, Marilene Ramos, os especialistas avaliam que a mancha não é compatível com o que costuma aparecer na região. A coleta das primeiras amostras foi feita nesta quinta-feira (7) e os resultados devem sair em até dez dias. Segundo o Ibama, a pluma tem uma parte com grande concentração de sedimentos que ocupa cerca de 392 quilômetros quadrados, e uma parte mais diluída que ocupa 6.197 quilômetros quadrados.
Nessa semana, fenômenos climáticos no Oceano Atlântico levaram a mudanças de correntes marítimas que causaram a movimentação da pluma de sedimentos, que estava concentrada próxima à foz do Rio Doce, no município de Linhares (ES). A pluma de turbidez chegou até a areia das praias da região, o que levou a Secretaria de Meio Ambiente do município a interditar a orla para banho desde ontem.
Impacto
Avaliado por especialistas como o maior desastre ambiental da história do Brasil, o derramamento de 32 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de mineração no Rio Doce continua causando impactos. Segundo o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Claudio Maretti, os estragos decorrentes da tragédia são grandes, ainda estão acontecendo e grande parte impacto só poderá ser percebida a médio e longo prazo.