Artistas e intelectuais pedem justiça na condução do impeachment 

Um grupo de artistas e intelectuais estiveram, nesta quinta-feira (17), em audiência com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para pedir uma “condução justa” do Senado no julgamento do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, caso o processo chegue à Casa. Dois documentos foram entregues a Renan. 

Artistas e intelectuais pedem justiça na condução do impeachment - Agência Senado

No primeiro, de acordo com o teólogo e escritor Leonardo Boff, o grupo expressa a preocupação com as consequências de um possível afastamento da presidenta sobre a democracia no país.

“Neste texto, não apenas repudiamos o ato da Câmara dos Deputados, mas também fazemos uma análise sobre o que está por trás disso. Esperamos que o Senado seja justo para que saiamos engrandecidos desta crise”, afirmou Boff ao presidente do Senado.

Já o cantor e compositor Chico César leu o segundo documento, no qual os artistas lembram a censura vivida durante a ditadura militar e asseguram que não vão aceitar retrocessos.

“Estamos aqui para pedir que esta Casa, que o senhor comanda, nos represente e exerça seu papel civil com o compromisso de defender conquistas do povo mais simples deste país, das quais a mais importante é a democracia”, disse Chico César.

Renan Calheiros respondeu que o Senado está ciente da responsabilidade que tem com a democracia e com os avanços institucionais dos últimos tempos.

“Não podemos apequenar o papel do Legislativo. Esta cadeira me dá a certeza de que o meu papel é garantir e respeitar a Constituição Federal. Embora o impeachment seja constitucional, o que não é constitucional é colocar para andar um processo cuja caracterização não existe. Tenho absoluta certeza de que não há uma franja de responsabilidade a ser imputada “, afirmou Renan.

E enfatizou que vai trabalhar para manter a estabilidade do país, primando pela isenção que o cargo de presidente da instituição requer.

“Não se pode compatibilizar o cargo de presidente do Senado com a participação no governo. Se o presidente (do Senado) quer participar do governo, ela deve primeiro aguardar o fim do mandato para depois participar mais ativamente. Tenho procurado conduzir o meu exercício com isenção e independência e estou convencido de que quanto mais isento e independente eu for, melhor guardião da democracia deste país eu serei”, completou Renan.

Os artistas também pediram ao presidente do Senado ajuda para aprovar um projeto que torne o trabalho do compositor musical uma profissão. O presidente pediu às senadoras Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Fátima Bezerra (PT-RN), que participaram do encontro, que apresentem a proposta e se comprometeu a dar prioridade ao andamento da proposta.