Bancários impõem derrota ao sistema financeiro e garantem reajuste
Depois de 21 dias de intensa mobilização e adesão, os bancários decidiram encerrar a greve. Em assembleias realizadas em todo o país nesta segunda-feira (26), os trabalhadores do setor aprovaram acordo negociado com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que arrancou um reajuste de 10% na data-base (1º de setembro) e aumento de 14% nos vales alimentação e refeição. Os patrões ofereciam apenas 5,5% de reajuste.
Por Dayane Santos
Publicado 27/10/2015 13:24
“Os bancários deram uma aula de cidadania com mais de 12 mil agências paradas em todo o país, sendo mais de mil somente na Bahia, o que revela a disposição de lutar em defesa dos direitos”, enfatizou o dirigente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos, que comandou a assembleia realizada o Ginásio de Esportes do sindicato nesta segunda, em Salvador.
Augusto avalia que a intransigência da Fenaban ao apresentar uma contraproposta que sequer repunha as perdas inflacionárias do período, “empurrou os trabalhadores para a greve”.
“Após um longo silêncio dos bancos, foi apresentada uma proposta, que consideramos insuficiente diante da lucratividade obtida pelo setor. Porém, devemos reconhecer que pelo décimo segundo ano consecutivo a força da categoria impôs uma derrota ao sistema financeiro, que visava interromper o ciclo de aumentos acima da inflação”, salientou o líder bancário.
Com esse índice de reajuste, em 12 anos a categoria acumula 20,83% de ganho real nos salários e 42,3% nos pisos. Segundo o comando nacional de negociação, haverá anistia de 63% dos dias para quem faz jornada de seis horas e de 72% para quem cumpre oito horas diárias. A compensação será de no máximo uma hora por dia, entre 4 ou 5 de novembro e 15 de dezembro. Além do reajuste, o acordo também assegura 13ª cesta e participação nos lucros ou resultados (PLR).
Augusto frisou que a direção nacional da CTB defendeu que as negociações poderiam avançar mais. “Mas levando em conta o caráter nacional do movimento, em que a maioria do Comando Nacional optou por indicar a aceitação das propostas, decidimos suspender a greve”, disse ele, destacando a importância da unidade sindical.
O sindicalista fez questão de agradecer o apoio e a solidariedade que os bancários receberam durante o movimento grevista. “Agradecemos a solidariedade dos mais amplos setores da sociedade que manifestaram apoio à luta dos bancários, visto que não se trata de um embate meramente coorporativo, mas contra a ganância e a concentração da renda”, disse.
Augusto concluiu pontuando que a categoria está mobilizada pela preservação do emprego, por mais contratações, ampliação dos investimentos em segurança, redução dos juros e tarifas, combate à metas e ao assédio moral e, por fim, melhoria das condições de trabalho e atendimentos à população.
“O fim da campanha salarial não encerra a luta dos bancários. É apenas uma etapa. Continuaremos no enfrentamento contra a ganância do capital financeiro”, enfatizou Augusto