69% das negociações salariais tiveram aumentos reais no semestre
Apesar da crise, no primeiro semestre deste ano, 69% das negociações analisadas pelo Sistema de Acompanhamento de Salários do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (SAS-Dieese) conquistaram aumentos reais. Os reajustes acima da inflação se concentraram na faixa de até 1% de ganho real, de acordo com os dados divulgados hoje (27) pela entidade, na capital paulista.
Publicado 28/08/2015 15:28
Cerca de 17% das negociações obtiveram reajustes iguais à inflação medida pelo INPC-IBGE. Os reajustes salariais que não repuseram a inflação alcançaram quase 15% das negociações. As perdas ficaram nas faixas de 2% abaixo da inflação na maioria dos casos. O pagamento em parcela única ainda predominou, aparecendo 94% das negociações. O pagamento parcelado ocorreu em 6%.
Segundo os dados, o comércio foi o setor que apresentou a maior proporção de reajustes com ganhos reais no semestre (76%) e a menor de reajustes abaixo do INPC-IBGE (7%). Nos serviços, ganhos reais foram observados em 74% das negociações, e perdas, em 12%. Na indústria, o setor com o desempenho mais fraco no semestre, ganhos reais foram verificados em 61%, e perdas reais, em 20%.
Os aumentos reais médios foram os menores do período em todas as regiões pesquisadas. No Sudeste, os aumentos ficaram no mesmo patamar do observado em 2009 (0,50%). A maior elevação ocorreu no Nordeste (0,72%), seguido do Sul (0,58%), Norte (0,24%) e Centro-Oeste (0,17%).
O relatório também mostrou que as convenções coletivas (resultado de negociações entre sindicatos de trabalhadores e patronais) tiveram melhores aumentos do que os acordos coletivos (firmados entre sindicatos e empresas). Nas convenções coletivas, os reajustes acima da inflação foram observados em 71% das 281 negociações. Nos acordos coletivos isso ocorreu em 43% das 21 negociações.
Segundo o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, o resultado das negociações do segundo semestre não deve ser tão diferente, não alterando então os resultados no ano inteiro. “O ano de 2015 tende a ser pior do que 2014. Provavelmente também vai ser pior do que 2008. Se os resultados forem semelhantes ao primeiro semestre, será pior do que 2014.”
Silvestre ressaltou que é preciso considerar fatores como inflação mais elevada e piora do mercado de trabalho, redução da disponibilidade de crédito, queda do consumo das famílias, aumento de taxas de juros. “Diante desse cenário a negociação fica muito difícil, principalmente se considerarmos as duas primeiras variáveis”, explicou.