Publicado 04/07/2015 18:30
A bola da vez é Dublin, na Irlanda, que apresentou na última semana um plano de 150 milhões de euros (algo em torno de R$530 mi) para transformar diversas ruas do centro em apenas dois anos, criando um espaço “amigo” de quem vai a pé, em bicicleta ou transporte público.
Junto com a retirada de carros, as mudanças incluem o alargamento de calçadas, criação de uma rede cicloviária e investimentos massivos em transporte público. Boa parte da verba será destinada à construção de uma linha de trem de superfície (parecido com um bonde), além da introdução de um sistema de corredores de ônibus de alta capacidade, os já conhecidos BRTs. Em boa parte das vias, pedestres e ciclistas vão dividir espaço com estes coletivos, mas algumas avenidas serão restritas aos não motorizados. Todo o plano passa agora por consultas públicas, e os cidadãos devem dar sugestões ou críticas até o próximo dia 16 de julho.
Atualmente a capital da Irlanda já sofre com ruas e avenidas congestionadas e tem um trânsito considerado especialmente hostil a pedestres e ciclistas. Na comparação com outras cidades do mesmo porte no mundo, Dublin está em quarto lugar na lista das mais congestionadas – no ranking geral, Rio de Janeiro, Salvador e Recife figuram no Top 10.
Cálculos da prefeitura indicam que 33% das 192 mil viagens diárias partindo ou chegando ao centro de Dublin são feitas em carros, o que coloca o trânsito da cidade numa rota de possível colapso nos próximos anos. Acontece que, contando com a atual recuperação econômica da Irlanda, especialistas preveem um salto da ordem de 42 mil viagens no centro da capital até 2023. Tomando por base a proporção de deslocamentos feitos em carro, a malha viária não seria capaz de suportar a demanda até lá.
Com a retirada de automóveis da região, os técnicos responsáveis pelo plano projetam uma redução do uso deste modal para a casa dos 20% de deslocamentos diários até 2017. Neste cenário, a divisão teria 55% de viagens em transporte público, 15% em bicicleta e 10% a pé.
“Estamos fazendo estas propostas por que não conseguiremos suportar o aumento de carros esperado para a próxima década. O centro só vai continuar a funcionar se oferecermos mais opções. A proposta vai melhorar a qualidade de vida e trabalho para residentes e visitantes”, defende Owen Keegan, líder na Câmara Municipal.
“Enfrentar o que é necessário, e tomar algumas decisões difíceis agora, vai pagar dividendos para a cidade e para o país como um todo, no futuro. Os planos definidos neste estudo vão entregar uma capital moderna, funcional, e da qual todos nós ficaremos muito orgulhosos”, completa Anne Graham, presidente da Autoridade Nacional de Transportes, órgão do governo irlandês que vai ser responsável pelo investimento.
Se levada em frente, a proposta vai colocar Dublin ao lado de cidades como Paris, Madrid e Bruxelas, que também tem projetos definidos para tornar suas regiões centrais em locais mais agradáveis, livres do trânsito e, para nossa alegria, cicláveis.