Empresa de acusado na Lava Jato tem ligação com trensalão tucano
Reportagem que mostra a ligação de delator da Lava Jato, Augusto Ribeiro Mendonça, com o esquema do trensalão tucano em São Paulo foi publicada no blog de Fausto Macedo, sem receber nenhuma menção na edição impressa do jornal O Estado de S.Paulo.
Publicado 03/07/2015 11:35
Segundo as informações, o executivo dono da Setal Engenharia, que admitiu ter participado do esquema de licitações da Petrobras, é proprietário de empresas que foram subcontratadas na cartelização investigada pelo Ministério Público de São Paulo.
A ação teria beneficiado a T'Trans, na mira do MP paulista e do Cade pela participação do cartel de trens e metrôs, durante a gestão tucana em São Paulo, cujo dono, Massimo Giavina-Bianchi, era sócio até 2006.
Massimo Bianchi responde a três processos na Justiça de São Paulo por ter atuado no trensalão , esquema de corrupção do Metrô e da CPTM durante os governos do PSDB em São Paulo.
Investigações do Ministério Público de São Paulo apontam duas licitações sob suspeita. De acordo com a reportagem, as empresas de Augusto Mendonça foram subcontratadas de forma a beneficiar a empresa de seu então sócio: licitação internacional 83578 da CPTM para o fornecimento e instalação do sistema para transporte sobre trilhos para implantação da Ligação Capão Redondo – Largo do Treze, conhecida como Linha 5 – Lilás do Metrô; e na licitação internacional nº 40015212/2005, da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô, para elaboração do projeto executivo, fornecimento e implantação de sistemas para o trecho Ana Rosa – Ipiranga e sistemas complementares para o trecho Ana Rosa – Vila Madalena da Linha 2 – Verde do Metrô de São Paulo.
Em 2006, foi fechado acordo de leniência com o Cade no âmbito do cartel nas licitações da Petrobras que repassou os direitos e obrigações subcontratados para a T´Trans, de seu então sócio Massimo Bianchi, orçados em R$ 9,3 milhões.
"Na segunda licitação, realizada em 2005, o consórcio Linha Verde, também composto pelas empresas Alstom e Siemens (que firmaram acordo de leniência com o Cade e admitiram a cartelização) venceu o certame. Um mês depois de assinar o contrato com o Metrô, a Siemens solicitou a subcontratação da PEM Engenharia para executar parte do contrato e, 15 dias depois, foi a vez da Alstom solicitar a subcontratação da mesma empresa, para atuar em outra parte das obras. Os dois pedidos foram acatados pelo Metrô", diz a matéria.
Segundo o Ministério Público, a proposta vencedora não só ficou acima do preço estipulado pelo Metrô, como ainda o consórcio que foi derrotado chamado Linha Dois (composto por T’Trans, Bombardier e Balfour Beatty) abriu mão do direito de entrar com um recurso administrativo contra o resultado da disputa.
Mas o que revelou o esquema foi o fato de que a Siemens e Alstom encaminharam para as autoridades o contrato de subcontratação da PEM Engenharia como sendo uma das provas do cartel. Ele afirmaram que PEM foi subcontratada “representando” a T’Trans.
Apesar das evidências e do citar as empresas do delator da Lava Jato nas denúncias do trensalão, o Ministério Público de São Paulo não apresentou acusações específicas contra os executivos destas empresas.
Sobre a reportagem, a CPTM e o Metrô responderam: "A CPTM e o Metrô não compreendem o sentido da reportagem, já que não há uma só menção ao governo do Estado de São Paulo e às duas companhias nas 59 páginas da delação premiada de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto no âmbito da Operação Lava Jato. Ribeiro menciona irregularidades em relação à Petrobras, não citando funcionários públicos ou empresas estatais paulistas". Por que será, hein?