“A mim não atemorizam”, afirma Dilma sobre golpismo tucano
Em entrevista ao jornal La Jornada, do México, publicada neste domingo (24), a presidenta Dilma Rousseff analisou a conjuntura política e econômica do país e destacou a importância da unidade latino-americana. Dilma embarca nesta segunda-feira (25) para o México onde se encontrará com o presidente Enrique Peña Nieto.
Publicado 25/05/2015 09:50
O jornal destaca a crise política brasileira e identifica como “raiz das intrigas desestabilizadoras” os tucanos do PSDB e “o conglomerado de comunicação Globo, que se afiançou como grupo dominante graças aos favores prestados à ditadura militar (1964-1985), que encarcerou e torturou a hoje presidenta”.
“Ocorre que as elites políticas e mediáticas buscam restaurar o ciclo neoliberal e para isso necessitam acabar com os programas sociais, a nacionalização do petróleo (pivô das crises atuais) e a diplomacia independente de Washington”, desta o La Jornada.
Dilma, por sua vez, defendeu o financiamento do BNDES na construção do Porto de Mariel, em Cuba, e ponderou haver "certo exagero" na análise de que há um quadro de instabilidade em governos da América do Sul.
"Eu não acredito que a democracia engendre situações de paz dos cemitérios. A democracia engendra manifestações de rua, reivindicações, expressão de descontentamento. E nós, na América Latina, temos de cuidar muito, porque a raiz golpista sempre perpassa a cultura política dos países. Não dominantemente mais. Não, eu não acredito nisso", salientou.
Sobre a crise política, Dilma comentou o movimento golpista dos tucanos em busca de um impeachment. Para ela, essa discussão tem um caráter de “luta política”.
“Eu acho que tem um caráter muito mais de luta política, entende? Ou seja, é muito mais esgrimido como uma arma política. Agora, a mim não atemorizam com isso. Eu não tenho temor disso, eu respondo pelos meus atos. E eu tenho clareza dos meus atos”, garantiu a presidenta.
Dilma comentou o esquema de corrupção na Petrobras, denunciado pela Operação Lava Jato. “A Petrobras tem 90 mil funcionários, quatro funcionários foram e estão sendo acusados de corrupção. Ninguém pode falar antes de ser condenado, mas todos os indícios são no sentido de que são responsáveis pelo processo de corrupção”, avaliou.
Sobre a viagem ao México e o estreitamento das relações bilaterais, Dilma destacou que é uma relação que interessa ao Brasil “porque temos consciência da importância que tem o México para a unidade latino-americana”.