Ministra fala sobre desafio de reduzir assassinatos de jovens negros
A ministra da Secretaria da Igualdade Racial (Seppir), Nilma Lino, destacou como os principais desafios que tem pela frente, o enfrentamento da discussão e construção de políticas que superem a situação de mortalidade da juventude negra e o aumento da própria representatividade da população negra nos espaços e nas esferas de poder.
Publicado 14/05/2015 15:54
As ações e programas da Seppir foram temas da comissão geral que a Câmara dos Deputados realizou nesta quinta-feira (14) dentro da programação da Casa de ouvir todos os titulares dos ministérios do Governo Dilma.
A ministra disse estar atenta à discussão do problema da violência contra a juventude negra, que é tema de duas comissões Parlamentar de Inquérito (CPI) em funcionamento na Câmara e no Senado. “No que diz respeito à juventude branca, houve um decréscimo nas taxas de homicídio. Porém, em relação a nossa juventude negra, houve um aumento. Precisamos construir políticas específicas para a juventude negra no Brasil”, disse Nilma Lino.
A ministra defendeu o trabalho conjunto entre o Executivo e o Legislativo em busca de soluções para os problemas enfrentados pela população negra no Brasil, elogiando “a produção legislativa que esta Casa tem ajudado a construir em prol das políticas de promoção da igualdade racial. E a Seppir participa desse processo legislativo contribuindo e discutindo, e é isso o que nós continuaremos a fazer em parceria com esta Casa.”
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) também defendeu um trabalho conjunto entre os dois podres. Ao mesmo tempo em que ofereceu apoio do parlamento ao trabalho do governo federal, declarando que “toda a agenda apresentada pela Seppir deve contar com nosso apoio e acompanhamento”, cobrou do governo ajuda nos trabalhos da CPI.
Ele considera que há uma tolerância do Estado com a violência contra os jovens. E afirmou que “o que se vê no Brasil é que há uma tolerância do Estado com a violência contra os jovens. Há impunidade, e isso permite uma espécie de autorização — entre aspas — para violar a lei e para matar jovens negros no Brasil. Esse é um tema decisivo para que o Brasil possa garantir direitos humanos e a vida da nossa juventude e do nosso povo negro.”
O deputado disse ainda que “quero fazer essa provocação que tenho feito em outros espaços de militância, porque o que se faz hoje no Brasil é um verdadeiro genocídio contra a nossa juventude. É preciso levantar vozes e implementar políticas públicas que impeçam que essa violência siga em frente.”
Racismo institucional
Na avaliação dos parlamentares, o racismo institucional também se reflete na pouca representatividade da população negra na Câmara dos Deputados, como alertou a deputada Maria do Rosário (PT-RS). Na opinião dela, muitos dos temas em debate, mesmo no Parlamento, reafirmam a prática.
“Temos um Plenário branco, masculino, vinculado ao poder econômico. Do lado de fora, mães negras perdem seus filhos na saída de uma festa. Estamos aqui discutindo a redução da maioridade penal sem perceber que se trata de um discurso racista e retrógrado, porque o rosto daqueles que estão nas unidades socioeducativas e que muitos querem colocar nos presídios falidos do Brasil é o rosto negro”, disse Rosário.