Aécio usou avião exclusivo do governo mineiro após ter deixado cargo
Com informações do relatório do Gabinete Militar do Estado de Minas Gerais, a Folha de S.Paulo denunciou que o senador tucano Aécio Neves teria utilizado aeronaves de uso exclusivo do governo de Minas Gerais, sem a presença de autoridade estadual, pelo menos seis vezes após deixar o cargo de governador em viagens que aconteceram entre 2011 e 2012.
Publicado 04/05/2015 09:33
Neste período, Aécio já havia assumido o cargo de senador e eleito seu sucessor no Executivo mineiro, Antonio Anastasia, que hoje também é senador.
Uma das aeronaves, usada em uma das viagens, é destinada exclusivamente ao governador – seu uso foi regulamentado por decreto pelo próprio Aécio Neves. Outra, usada em cinco voos, atende ao vice-governador, secretários e autoridades em "missão oficial". Em resposta ao jornal, o parlamentar justificou que estava em missão a pedido de Anastasia.
Aeroporto do tio
Esta é a segunda denúncia envolvendo voos e Aécio Neves. Em junho de 2014, veio à tona o caso do aeroporto da cidade de Claudio, em Minas Gerais, construído pelo governo do estado em 2010 dentro de uma fazenda de um parente de Aécio. A obra, que custou R$ 14 milhões, foi feita no fim do segundo mandato do tucano como governador do Estado. As informações também foram divulgadas pela Folha de S.Paulo.
De acordo com a publicação, o aeroporto é administrado por familiares de Aécio. A família de Múcio Guimarães Tolentino, 88 anos, que é tio-avô do tucano e ex-prefeito do município de Cláudio, guarda as chaves do portão do local.
Orçado em R$ 13,5 milhões, o aeroporto foi feito pela construtora Vilasa, responsável por outros aeroportos incluídos no programa mineiro. O custo final da obra, somados aditivos feitos ao contrato original, foi de R$ 13,9 milhões, segundo a Folha de S. Paulo.
O jornal afirma que, para pousar no aeroporto, é preciso pedir autorização aos filhos de Múcio. Segundo um deles, Fernando Tolentino, a pista recebe pelo menos um voo por semana, e seu primo Aécio Neves usa o aeroporto sempre que visita a cidade. Múcio é irmão da avó de Aécio, Risoleta Tolentino Neves, que foi casada por 47 anos com Tancredo Neves.
Segundo a publicação, a pista do aeroporto tem um quilômetro e pode receber aeronaves de pequeno e médio porte, com até 50 passageiros. Sem funcionários, o local é considerado irregular pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que afirmou que ainda não recebeu do governo estadual todos os documentos necessários para a homologação do aeroporto.
A obra foi executada pelo Departamento de Obras Públicas do Estado (Deop) e faz parte de um programa lançado por Aécio para aumentar o número de aeroportos de pequeno e médio portes em Minas.
Segundo o jornal, o governo do Estado desapropriou a área de Múcio Tolentino antes da licitação do aeroporto e até hoje eles discutem na Justiça a indenização. O Estado fez um depósito judicial de mais de R$ 1 milhão pelo terreno, mas o tio de Aécio contesta o valor.
De acordo com a Folha, antes de o aeroporto ser construído, havia no local uma pista de pouso mais simples, de terra., construída em 1983, quando Tancredo Neves era governador de Minas Gerais e Múcio era prefeito de Cláudio, terra natal de Risoleta.
Contudo, até hoje, mesmo sendo candidato (derrotado) à presidência da República em 2014, Aécio ficou impune deste caso e nunca respondeu com detalhes como usou dinheiro público, para construir um aeroporto privado em terra de seus familiares.
Com informações do Jornal do Brasil