Publicado 23/04/2015 17:40
No dia 24 de outubro de 2014, foi criado oficialmente o Banco de Investimentos e Infraestrutura da Ásia (AIIB, por suas iniciais em inglês), órgão que, segundo a imprensa internacional, surge do especial interesse da China em sua criação, o mesmo país que também formou novos bancos recentemente com outros parceiros. Muito já se falou, principalmente, sobre o banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e na reunião desses e de outros países emergentes no Brasil, em 2014. Também há iniciativas semelhantes impulsionadas pelas novas instâncias regionais da América Latina. Mas agora existe uma grande diferença: nenhum dos outros projetos abraça mais de dez países. No caso do AIIB, se trata de 21 países asiáticos, e deixa de fora alguns economicamente fortes, como Japão (do primeiro mundo), Indonésia, Coreia do Sul, Arábia Saudita e Austrália (também do primeiro mundo).
Índia e Paquistão são países importantes que já participaram em reuniões anteriores com China, Rússia e outros países, com os bancos entre seus objetivos. A lista completa dos integrantes do AIIB inclui: Bangladesh, Brunei, Cambodja, China, Índia; Cazaquistão, Kuwait, Laos, Malásia, Mongólia, Myanmar, Nepal, Omã, Paquistão, Filipinas, Qatar, Cingapura, Sri Lanka, Tailândia, Uzbequistão e Vietnã.
Os chefes de Estado dos países-membros assinaram um primeiro documento para constituir o banco com sua participação. Funcionários dos Estados Unidos mostraram certo desconforto, sobretudo pelo risco de que se invada o campo do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, como fizeram os outros bancos multinacionais mencionados.
Não se deve ignorar nenhuma parte importante das mudanças a nível mundial. Desde princípios de 2012, nós vínhamos falando nessas mudanças, cujos elementos vem sendo confirmados conforme previsto, como o estancamento da União Europeia e o maior crescimento de países como China e Índia, e que agora também podemos incluir a Mongólia.
Em julho de 2014, no Brasil, uma reunião dos BRICS contou com numerosos eventos adicionais. Em setembro, na Ásia Central, se reuniu a Organização para a Cooperação de Shanghai, sem seis países, entre eles Rússia e China, mas com mais participantes, alguns em processo de integração ao organismo, como Índia, Mongólia e Paquistão, que também representaram um avanço.
Esse conjunto de iniciativas, às quais se inclui a criação do AIIB, são alguns passos no processo de maior independência na relação com os países que dirigem a maioria das empresas transnacionais. É evidente que a política mexicana vai num sentido contrário, o de aumentar essa dependência, em vários aspectos, mas principalmente nos setores energético e mineiro.
Este movimento internacional tem repercussão também nos Estados Unidos. Nas últimas eleições, foi aprovada a proibição do fracking em Denton, no estado petroleiro do Texas, onde esta técnica de perfuração usada pelas transacionais é utilizada e causa enorme desperdício de água para a população, em nome da busca por gás e petróleo. Uma conquista que já havia sido alcançada em outros três estados do nordeste do país, e que será plebiscitada em vários outros.
O governo mexicano, não só pela forma como a violência afeta a imagem do país a nível nacional e internacional, mas também pelos problemas econômicos – entre outros, as sucessivas baixas nos preços do petróleo em exportação –, se encontra numa situação difícil, e ainda assim continua com sua política favorável às grandes empresas, sobretudo as estrangeiras.
O preço do barril anda pela casa dos 74 dólares, quando superava os 100 dólares há alguns meses atrás. Como o governo que já hipotecou recursos e investiu dinheiro previamente sem calcular os resultados, fica difícil cobrir suas carências apenas com discursos.
E se isso já não é suficiente, sua produção de petróleo continua baixando. Enquanto isso, os movimentos populares se mantêm mobilizados. É normal que de vejam sem solução contra uma autoridade que busca responder com ainda mais violência, como se a já usada fosse pouco.
Estamos para ver como irão evoluir os temas mas devemos estar atentos, e deixar claro quais são os fatos importantes das mudanças globais que mencionamos no começo, e como elas afetam cada país envolvido.
Fonte: Carta Maior