Caravana da Cultura discute participação social e cultura afro
Estreitar relações com a sociedade e conhecer as principais demandas de artistas, gestores e produtores culturais baianos são alguns dos objetivos da Caravana da Cultura, realizada nesta segunda-feira (13) e terça-feira (14) em Salvador (BA). O ministro Juca Ferreira e outros representantes do Ministério da Cultura (MinC) participaram de ampla agenda voltada a temas como participação social, dança, patrimônio e cultura afro-brasileira.
Publicado 14/04/2015 09:28
O primeiro dia de evento começou com a segunda edição dos Diálogos em Rede, roda de conversa que busca discutir formas de ampliar a participação social no âmbito do MinC. O evento contou com a participação dos secretários de Articulação Institucional, Vinícius Wu, de Fomento e Incentivo à Cultura, Carlos Paiva, e do Audiovisual, Pola Ribeiro, além dos professores Wilson Gomes e Ernani Coelho Neto, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da coordenadora pedagógica do Ponto de Cultura Bankoma, Eliana Sousa, e de Maria Fulgência, do Ponto de Cultura Odu Odara.
Durante o almoço, o ministro Juca Ferreira reuniu-se com o governador da Bahia, Rui Costa, e o secretário de Cultura, Jorge Portugal. Na pauta, a criação da Bahia Filmes, empresa que canalizará e captará recursos, dentro e fora do país, para o fomento do audiovisual baiano. A proposta, que está em análise na Casa Civil do estado, foi apresentada pela Associação de Produtores e Cineastas da Bahia, tendo como referências a SPFilmes e a Rio Filmes.
"A criação da Bahia Filmes abre a oportunidade de se fazer um investimento concentrado para o desenvolvimento do audiovisual aqui no estado", afirmou Juca Ferreira. "Para cada real investido pelo governo baiano, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) pode investir o dobro", adiantou o ministro.
A Caravana da Cultura também visitou o terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, tombado em 1999 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O ministro Juca Ferreira e equipe foram recebidos por mãe Stella de Oxóssi, de 89 anos, uma das responsáveis pelo tombamento do terreiro e importante líder dos povos de matriz africana no Brasil.
No terreiro, Juca conheceu projeto criado por Mãe Stella – um ônibus com biblioteca itinerante. "Sem as letras, a leitura, nada funciona. Essa biblioteca é uma maravilha, pois leva os livros a muita gente aqui que não tem costume de ler", destacou a ialorixá. "Estou muito contente com essa visita. Afinal, quem não precisa da cultura? E, do mesmo modo, a cultura também precisa do axé. Sem os bons pensamentos, as boas intenções e as bênçãos dos orixás, nada feito", disse Mãe Stella.
Rede de museus de cultura afro
Na sequência, a equipe do MinC esteve no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), localizado no centro histórico de Salvador. A instituição, que tem como objetivo promover a pesquisa, a preservação, a difusão e a fruição do patrimônio cultural dos afrodescendentes, será futuramente integrada ao Sistema Brasileiro de Museus, coordenado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
"Temos hoje 17 museus afro no Brasil. É um conjunto que vale a pena ser trabalhado de forma integrada, em uma rede com um sistema não hierárquico", observou o presidente do Ibram, Carlos Brandão. "Nossa ideia é que os museus façam adesão a essa rede de forma voluntária", acrescentou.
O ministro Juca Ferreira destacou a relevância da criação de uma rede de museus afro. "A contribuição dos povos de matriz africana para o Brasil é permanente. Isso precisa ser celebrado", afirmou. "Ter um museu do gênero no estado é muito importante, porque sem essa narrativa a Bahia fica superficial. Esse museu e outras iniciativas têm a função de dissolver o balneário que nos transformaram", completou Juca, que é baiano de Salvador.
O presidente da Associação dos Amigos da Cultura Afro-Brasileira (Amafro), José Carlos Capinam, observou que a visita do ministro Juca Ferreira demonstra compromisso do MinC com a ampliação dos trabalhos do Muncab. "Queremos finalizar a nova etapa do museu até as Olimpíadas (de 2016). Nossa intenção, informada ao ministro, é que as obras entrem no PAC Cidades Históricas e que o museu seja federalizado".
Fonte: MinC