Entrevista: Elder Vieira, Subprefeito do Distrito do Jabaquara
Na última terça-feira, Eder Vieira foi empossado subprefeito do Distrito do Jabaquara, estiveram presentes na cerimônia realizada no Centro Cultural do Jabaquara, diversas lideranças, entre elas: a vice-prefeita Nádia Campeão, a Deputada Estadual Leci Brandão, o Deputado Estadual Átila Jacomussi e o Subprefeito da Sé, Alcides Amazonas.
Publicado 09/04/2015 14:25 | Editado 04/03/2020 17:16
Elder Vieira é um militante comunista há mais de 30 anos e contou para o Vermelho SP sua trajetória na vida política e suas expectativas sobre essa nova etapa no time liderado pelo Prefeito Haddad.
Poderia traçar um breve histórico de sua vida política?
Costumo dizer que tenho a sorte de poder declarar não haver fato político relevante da história brasileira desde 1982 de que não tenha tomado parte. Ingressei no PCdoB em 1983, quando estudante do SENAI. Antes, atuava no movimento literário de jovens escritores abrigados em bibliotecas públicas. Já em 82, fiz campanha para a chapa liderada por Franco Montoro para o Governo de São Paulo. Dois anos depois, participei da Movimento das Diretas, da fundação da UJS, e vi a queda da Ditadura Militar por meio do Colégio Eleitoral. Em 1988, membro da Coordenação Nacional da UJS, ajudei a inscrever na Constituição o direito de voto aos 16 anos. Em 1992, olha eu derrubando o cascateiro da Dinda! Era o Fora Collor, movimento animado pelos cara-pintadas liderados pela UJS, pela UBES e pela UNE. Estive em todas as campanhas de Lula, desde aquela memorável de 1989, até as duas vitoriosas, que deram ensejo ao ciclo progressista das últimas décadas. Entrei no Governo Federal, Ministério da Cultura, em 2004, gestão Gil, e ajudei a pôr de pé o Cultura Viva, programa dos Pontos de Cultura, hoje lei federal. Minha derradeira aventura foi no Ministério do Esporte, chefiando sua Representação em São Paulo, na gestão Aldo Rebelo, primeiro mandato de Dilma. Ou seja: histórias não vão faltar para os netos.
Como se dá a sua relação com o distrito do Jabaquara?
Nasci e me criei no Jabaquara. A maioria das ruas não tinha asfalto, inclusive a da casa em que nasci, quando comecei a ir para a escola, aos sete anos. Minha "militância social", por assim dizer, começa em 1980, no Centro Cultural do Jabaquara, ali ao lado do pátio de manobras do Metrô, onde montei jornalzinho rodado em mimeógrafo e editei meu primeiro, último e único livro de poemas. A gente, quando menino, tem uma coragem sem peias. Imagine que eu tive o topete de lançar esse livrinho na Bienal do Livro! Hoje, depois de um tempo fora, ocupando cargos em Brasília, Aracaju e Rio de Janeiro, voltei a morar no bairro. Mudou um tanto. Mas ainda reconheço o território em que brincava, em que lia muito, sonhava e, sobretudo, me embebia de realidade – que a pobreza nele sempre vicejou com suas mazelas, esperanças, tragédias e alguma festa. Vejamos no que posso ajudar.
Como visualiza essa nova etapa de sua luta?
Um novo front. A luta é feita de frentes de combate. E essa é uma nova frente. Nela, novas tarefas me esperam. E a gente tá na luta pra isso: cumprir tarefas que acumulem forças para uma transformação mais profunda da sociedade brasileira. Nesse momento grave de ameaça à democracia, procurarei desempenhar meu papel estando num distrito de uma cidade como São Paulo, à testa de uma estrutura de governo, zelando pelo bom funcionamento dos serviços públicos, mobilizando fóruns participativos, opinando no desenvolvimento municipal e local com vistas a melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Surgi para a luta política na resistência e me formei na resistência. Considero-me em meu elemento.
Quais são as expectativas para essa gestão?
O Prefeito Fernando Haddad, com a ajuda inestimável de sua Vice Nádia Campeão, está implantando a Operação Urbana Águas Espraiadas, que transformará radicalmente a região: Parque linear, moradias populares, projeto viário, econômico, urbanístico inteligente – tudo isso ressignificará o Distrito. Favelas serão transformadas em moradias muito, muito melhores para seus habitantes; uma enorme área verde ficará à disposição da cidade; o acesso à Imigrantes será enormemente facilitado; empresas não-poluentes serão chamadas a se instalar e gerar emprego. Nossa função é acompanhar a implantação, cuidar do diálogo com a sociedade, prestando esclarecimentos e o apoio que nos cabe, como já vem sendo feito. Por outro lado, temos toda a zeladoria, que vem sendo tocada com denodo. As obras de drenagem e contenção, os serviços de jardinagem, limpeza e manutenção de vias e calçadas, que até aqui foram realizadas sob a batuta de Wander Geraldo, nosso chefe de gabinete que, antes de nossa chegada, foi Subprefeito interino por dez meses, lograram diminuir em muito os problemas que antes se verificavam na região. Minha expectativa é manter essa excelência e aprofundar o diálogo com os munícipes e forças políticas por meio dos conselhos, fóruns regionais e do acesso franqueado ao meu gabinete.
Quais experiências trazidas do Ministérios da Cultura e do Esporte que pode ser aplicada no distrito?
A cada real que se investe no esporte, economizam-se três em saúde e cinco em segurança. Imagino que a proporção seja parecida na cultura. A Prefeitura tem investido em equipamentos de lazer e de práticas esportivas. Há também um programa municipal parecido com o dos Pontos de Cultura, o VAI. Já reuni com as supervisões das áreas e combinei o desenvolvimento de ideias capazes de otimizá-las no Jabaquara. Muito já vem sendo feito, mas muito mais pode ser feito com criatividade e, sobretudo, mobilização social. Nos limites de minhas competências, pretendo dialogar bastante com as secretarias, entidades, movimentos e instituições públicas.
Qual será a característica principal de sua gestão?
A boa acolhida de demandas e ideias, o diálogo como meio de solução, rapidez e eficiência nas respostas, e poder de decisão quando a vida assim o reclamar. De resto, esse Sub é um paulista filho de sertanejos sergipanos: gosta de casa de portas abertas e de uma boa tarefa de roça para dar fim.