Le Monde Diplomatique mostra distorções da mídia no Brasil 

Em discurso no plenário da Câmara nesta terça-feira (7) o deputado Luiz Couto (PT-PB) reportou-se ao editorial da edição de março do jornal Le Monde Diplomatique Brasil. Denominado Corruptos e Corruptores, o texto enfatiza a grave distorção na cobertura da grande mídia brasileira que, nos recentes casos de corrupção, centra sempre o foco nos administradores públicos e esquece-se que, para haver corruptos, é preciso haver corruptores. “Tão ou mais criminosos que os primeiros”. 

Le Monde Diplomatique mostra distorções da mídia no Brasil - Le Monde Diplomatique

O editorial, assinado por Silvio Caccia Bava, oferece uma visão panorâmica do tema da corrupção no Brasil, uma das principais pautas da agenda nacional nos últimos tempos, salientando que a corrupção, ao invés do que tenta mostra a cobertura da grande mídia, ela não ocorre apenas no Poder Executivo.

O deputado destaca que o editorial mostra que, sendo a corrupção endêmica, ela é uma forma de ação das empresas para auferir vantagens ilegais na relação com os poderes públicos. E isso envolve os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Essa prática de corrupção tão comum por parte das empresas, segundo ele, está sendo desvendada pela Operação Lava Jato como se fosse uma novidade.

O terceiro ponto do editorial, chama a atenção Luiz Couto, mostra que um pequeno grupo de empreiteiras patrocinaram a eleição de uma significativa bancada de parlamentares no Congresso Nacional. “Se olharmos para a composição da CPI criada com o objetivo anunciado de apurar denúncias de corrupção na Petrobras: Dos 27 integrantes, 10 receberam doações de empresas denunciadas de envolvimento no episódio”, ilustra Luiz Couto.

O Le Monde Diplomatique Brasil salienta também a corrupção no Poder Judiciário, “mais difícil de ser identificada”, mas que são muitos os casos em que juízes pedem vistas de processos e só os devolvem para o trâmite judiciário depois que as penas prescreveram. O autor resgata os exemplos do Banestado, do Mensalão Tucano e do Trensalão como exemplos de paralisação de investigações e de práticas de corrupção no Judiciário.

Por fim, o Le Monde Diplomatique Brasil elenca os vários mecanismos de corrupção utilizados pelas grandes empresas que atuam no Brasil: as práticas de sub e sobrefaturamento para promover a evasão fiscal; as dívidas fiscais das empresas, reconhecidas pela Receita Federal, que nunca são quitadas, “e agora começamos a saber como e porquê”; a lavagem de dinheiro sonegado em conluio com grandes bancos; o reconhecimento da ação impune de doleiros operando no país e a aceitação implícita das riquezas provenientes de fontes ilegais, como o narcotráfico.

Fonte: PT na Câmara