Líderes do PCdoB anunciam estratégia de atuação na Câmara e Senado
A líder do PCdoB no Senado, Vanessa Grazziotin (AM), avalia que a disputa pela Presidência do Senado é o primeiro grande passo que a base aliada do governo deve dar no início do período legislativo, neste domingo (1º). A senadora participou do seminário Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento e a atuação parlamentar do PCdoB no atual quadro político do país, nesta sexta-feira (30), em Brasília. A líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ) também discursou no evento.
Publicado 30/01/2015 15:21
“O primeiro grande passo é a eleição da Mesa Diretora do Senado. O outro candidato é do PMDB, mas a sua candidatura vem sendo gestada pela oposição e pode complicar a vida da presidenta”, avalia a senadora, em referência ao senador Luís Henrique (PR). E anuncia que apoia Renan Calheiros para manter a direção da Casa nas mãos de pessoas com comprometimento com uma estrutura sólida.
Na Câmara, a bancada do PCdoB também avalia a escolha do novo presidente da Casa como o primeiro grande desafio na atuação da base de apoio à presidenta Dilma. Para Jandira Feghali, é preciso impedir o enorme retrocesso que representa a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para Presidência da Câmara.
Segundo a parlamentar, o deputado é obscurantista e tem uma pauta atrasada para o povo brasileiro. Jandira avalia ainda que “não se pode tornar refém de um único partido – o PMDB – na Câmara e no Senado”.
As duas líderes comunistas – tanto Vanessa quanto Jandira – acreditam que a base governista vai enfrentar, este ano, uma oposição que vai ser diferente dos últimos quatro anos. “Ultimamente a grande oposição foi a mídia, mas este ano, eles (oposicionistas) estão chegando com a disposição de quem vencer as eleições e tentam usurpar o mandato da presidenta Dilma”, afirma Vanessa.
No Senado
A senadora Vanessa Grazziotin disse que no Senado, a base aliada tem folga em termos de voto porque tem maioria, mas terá que enfrentar uma oposição mais forte. “É o terceiro turno que vamos viver lá com Aécio, Serra e Tasso”, disse referindo ao candidato derrotado à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB-MG) e aos senadores eleitos José Serra (PSDB-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Ele avalia que a Operação Lava-Jato não é uma questão de governo, é de quadrilha, que deve ser punida. “Não podemos punir as empresas – a Petrobras e as empreiteiras”, afirma a senadora, para quem a oposição quer se aproveitar da crise na Petrobras para fazer uma alteração na legislação do pré-sal.
“O que eles querem não é acabar com corrupção, é privatizar a Petrobras, retroceder no marco de partilha. Existe um projeto no Senado do vice do Aécio, Aloysio Nunes para acabar com a partilha”, anuncia a senadora.
Ela avalia que a atuação do PCdoB no Senado – mesmo pequena – é destacada. Elogiando a atuação do senador Inácio Arruda (CE), que deixa o Senado este ano, Vanessa diz que o Partido é reconhecido, levado em consideração e ouvido muito.
Com a saída de Inácio, o desafio de Vanessa – a exemplo de outros quatro senadores – é ser representante avulso do Partido. “Uma bancada de um único senador não tem direito nem a participar de comissão, por isso tem que formar bloco”, anunciando a disposição de unir-se aos quatro senadores para a formação de um bloco.
Na Câmara
A deputada Jandira Feghali (foto), que foi reconduzida ao cargo de líder do PCdoB na Câmara, este ano, elogiou a iniciativa do debate “que preserva o maior valor do Partido que é a unidade. A opinião e a polêmica entre nós são importantes, mas é necessária a unidade política e de atuação para fazer frente a uma oposição fundamentalista”, afirmou a deputada.
Ela destacou o discurso de posse da Dilma Rousseff sobre Pátria Educadora, mas identifica sinais contraditórios com as medidas econômicas adotadas no primeiro mês de governo. Segundo Jandira, o desafio será enfrentar a oposição e preservar o vínculo com o trabalhador. “É essa a identidade política que nos movimenta. Vamos ter que ter firmeza na defesa do governo e nos princípios políticos que defendemos no país”.
“Não podemos perder a base social construída nesse processo, que garantiu o projeto de Dilma e precisa de respostas das suas demandas”, afirmou, lembrando que o PCdoB tem forte atuação na defesa da democracia, da soberania e dos direitos sociais.
Por isso, defende a reforma política democrática, alertando que “se não fizermos isso, a direita decide. Não há espaço vazio. A nossa visão de reforma política é do fim do financiamento privada de campanha, pluralidade partidária, fortalecimento dos partidos e equidade de gênero”, destacando os pontos considerados principais para um reforma estruturante na política brasileira.
Pressão da sociedade
Também defendeu o marco regulatório da comunicação que, junto com a reforma política, define o que será o Brasil em termos democrático daqui prá frente. E lembrou que para garantir a aprovação dessas reformas, é preciso uma grande pressão da sociedade.
“A Câmara renovou em 40% a sua composição para ser mais conservador. Além de não ter representatividade de negros, mulheres, homossexuais e do mundo do trabalho no campo e na cidade, cresceu a bancada corporativa de religiões e policiais que representam Estado penal”, informou a parlamentar.
Ela, que vai comandar a bancada em 2015, disse que o PCdoB elegeu 10 deputados, mas terá 13 porque três suplentes assumirão de imediato. “É pequena, mas extremamente atuante e vamos manter o ritmo da unidade política e atuação proativa e protagonista, característica importante na relação com a sociedade brasileira”, analisa a líder comunista, pedindo aos parlamentares que se articulem com movimentos sociais, mantendo uma sintonia fina com a sociedade e o Parlamento.
E encerrou sua fala destacando que a bancada do PCdoB negocia, mas não transige dos seus princípios e por isso é respeitada. “A gente flexibiliza, mas temos limites. E por isso somos respeitados. Nós temos coragem para enfrentar uma situação quando acreditamos nela”.
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Do Portal Vermelho
De Brasília, Márcia Xavier