Família espanhola divulga fotos originais inéditas de Che Guevara

"Meu tio as trouxe quando veio para o casamento de meus pais, no final de novembro de 1967", relata Imanol Arteaga, ao jornalista Gabriel Rubio, da AFP. Arteaga é sobrinho de Luis Cuartero Lapieza, missionário que durante "onze ou doze anos" trabalhou na cidade boliviana de Sucre. 

Segundo informações da agência francesa, após a morte de seu tio em 2012, Arteaga, prefeito do povoado de Ricla (Aragão, nordeste da Espanha), guardou alguns objetos do tio como recordação.
"Minha tia e minha mãe me contaram que as fotos foram dadas a ele por um jornalista francês", afirma o atual guardião das fotos em preto e branco.

Arteaga fez uma pequena investigação sobre as imagens, começando a busca pelo autor. "Encontrei o nome de Marc Hutten e umas fotos que eram muito parecidas com as que eu tinha", explica. 

Segundo ele, não havia nenhuma intensão de tornar públicas as fotos entregues até falar com alguns repórteres de um jornal local, El Heraldo de Aragón. Os jornalistas o ajudaram a falar com um especialista que garantiu que o papel em que as fotos foram reveladas deixou de ser fabricado há muito tempo, confirmando a época em que foram feitas.

Arteaga afirma que apesar de ter sido muito próximo de seu tio, nunca tocaram no assunto das imagens, nem de sua autoria.

Che e Tamara Bunke

Arteaga acredita, assim, que as fotos foram dadas a seu tio pelo repórter francês da AFP Marc Hutten, autor também de um dos poucos instantâneos coloridos que imortalizaram o momento em que o exército boliviano expôs o corpo do guerrilheiro no povoado de Vallegrande (a 150 km de Santa Cruz).

As fotos parecem corresponder a momentos diferentes, já que em algumas Che Guevara aparece vestido com uma jaqueta aberta e em outras parece nu.Também há uma imagem de uma companheira de Che na Bolívia, Tamara Bunke, conhecida como Tânia, e outra que supostamente mostra seu cadáver numa maca com uma camiseta e o rosto manchados.

Che foi capturado em 8 de outubro de 1967 e morto no dia seguinte antes de ser sepultado às escondidas pelos militares bolivianos na madrugada de 11 de outubro ao lado de outros seis guerrilheiros. Quando Hutten voltou a Paris alguns meses após a morte de Che, constatou que havia umas poucas fotos de sua reportagem;

Hutten, que morreu em 2012, "nos disse que tinha enviado quatro ou cinco rolos à AFP em Paris" com fotos do cadáver de Che, relata Sylvain Estibal, chefe da fotografia da AFP para a Europa e a África.

Com informações da AFP