Dilma: “Nós saímos do Mapa da Fome e o fim da miséria é só o começo”
A declaração foi durante debate entre os presidenciáveis promovido pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nesta terça-feira (17), em Aparecida, São Paulo. Dilma destacou que o Brasil saiu do Mapa da Fome, em referência ao relatório da ONU que aponta o Brasil como um dos países que mais reduziu a pobreza.
Publicado 17/09/2014 11:36
“Nós saímos do Mapa da Fome. O fim da miséria é só um começo, o nosso país tem um grande caminho a percorrer, focado na educação, que é o caminho pelo qual nós iremos nos introduzir na sociedade moderna. Temos o valor do combate à desigualdade e do combate à corrupção”, afirmou Dilma.
Em suas considerações finais, Dilma rebateu a candidata Marina Silva (PSB) que disse que quem vai ganhar a eleição é a sua “nova política”.“Quem vai ganhar essas eleições é quem mudou o Brasil, quem combateu a fome e a miséria, quem reduziu a miséria e quem combateu a crise, não deixando que houvesse desemprego e inflação”, afirmou a candidata à reeleição.
Marina Silva (PSB) manteve a posição de vítima e em suas considerações finais dizendo que no processo eleitoral os embates entre os candidatos “não são necessários”.
Engavetador tucano
O tucano Aécio Neves (PSDB) abordou o caso Petrobras fazendo ilações sobre as escolhas de funcionários da estatal e a presidenta. Dilma respondeu o tucano dizendo que “tem tolerância zero com a corrupção” e frisando que quem investigou a Petrobras foi a Polícia Federal de seu governo e cutucou: “Nunca escolhemos engavetador-geral da República. Se hoje se descobre atos de corrupção é porque não varremos para baixo do tapete”.
Mensalão tucano
Educação foi o tema abordado por Aécio com Luciana Genro (PSOL), mas a candidata fez questão de lembrar o tucano sobre atos de corrupção envolvendo seu partido, citando escândalos como o mensalão mineiro, com desvios de dinheiro público para bancar a candidatura de Eduardo Azeredo ao governo de Minas em 1998, a compra de votos, ou seja, o mensalão tucano, para aprovar a emenda da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, além das suspeitas de corrupção nas privatizações e a construção de aeroporto público na fazenda de Aécio.
“O senhor fala como se no governo do PSDB nunca tivesse havido corrupção, quando na realidade nos sabemos que o PSDB foi o precursor do mensalão”, disse Luciana Genro, que chamou o tucano de “fanático das privatizações” e “fanático da corrupção”.
Reforma política com participação popular
A reforma política foi um dos temas abordados pela CNBB. Aécio, o primeiro a falar, defendeu o voto distrital misto. Marina, por sua vez, disse apoiar o financiamento público de campanha. E a candidata Dilma enfatizou o apoio às propostas da CNBB e defendeu uma reforma com a participação popular, com a realização de plebiscito.
“Tenho certeza de que precisamos de uma profunda reforma política baseada na participação popular por meio de um plebiscito. Acredito que tem de renovar e transformar os partidos políticos existentes. Me preocupa muito porque numa democracia os partidos são essenciais. Mas precisamos sistematicamente submetê-los à participação popular. Acredito também que numa reforma política quando os partidos não existem poderosos mandam atrás das cenas e é o caminho para a restrição das liberdades, para a ditadura”, declarou Dilma.
O candidato Eymael perguntou a Marina Silva (PSB), “qual é o Brasil que temos?” A candidata admite que o Brasil “conseguiu conquistas significativas” e “tem coisas boas”.
Autonomia do BC
O tema autonomia do Banco Central, proposta por Marina, foi abordado por Dilma numa pergunta feita ao candidato Levy Fidelix. “Alguns candidatos estão defendendo a independência do Banco Central. Eu sou contra essa tese. Acredito que o BC tenha de ter autonomia operacional”, disse Dilma.
Fidelix respondeu: “Sou contra a independência do Banco Central. Temos de ter uma economia integrada. Tenho certeza de que a macroeconomia tem de ser conduzida pelo ministro da Economia, o ministro da Fazenda. O que os bancos dão para a sociedade senão subtrair delas: nada. O controle do Banco Central tem de ser do Estado”.
Na réplica, Dilma pontuou: “A independência do BC é um equívoco. Eu sou a favor da autonomia para que o BC siga livre para perseguir as metas de inflação. Na última crise, a desregulamentação do setor financeiro levou a uma perda de emprego e salários, e agora as economias avançadas do mundo pretendem regulamentar o sistema financeiro”.
Pautas da CNBB
O segundo e o terceiro blocos do programa foram dedicados a perguntas de bispos e jornalistas ligados a veículos católicos com a abordagem de temas como inclusão social, aborto e homofobia.
Sobre a proposta de criminalização da homofobia, Aécio disse que “qualquer discriminação deve ser considerada crime, inclusive a homofobia”, mas depois afirmou ter objeções quanto ao projeto em tramitação no Congresso, o PLC 122/2006.
Eduardo Jorge falou sobre o aborto. Ele defendeu a ampliação da educação sexual e planejamento familiar para diminuir a prática. “Enquanto isso não acontece, não pode deixar abandonadas as mulheres que fazem aborto de forma clandestina”, enfatizou ele, pedindo a revogação da lei que criminaliza o aborto, classificada por ele como “machista”.
Questionada sobre a relação entre Estado e religião, Luciana Genro declarou que “as políticas públicas não podem estar subordinadas a nenhuma religião, a nenhuma crença”.
Seguindo a sua bandeira de “Estado mínimo”, o Pastor Everaldo se posicionou contrário à proibição do funcionamento de canais religiosos e contrário à implantação de um marco regulatório de comunicação.
Da Redação do Portal Vermelho, Dayane Santos
Com informações de agências