Com participação de Socorro Gomes, 17º Clae discute a paz na Colômbia
O 17º Congresso Latino-Americano e Caribenho de Estudantes (Clae), que acontece na Nicarágua, apresentou nesta terça-feira (19) o debate “A paz para a Colômbia e para a América Latina”, que contou com a participação, através de videoconferência, de delegados das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que negociam o fim do conflito. A presidenta do Cebrapaz e do CMP, Socorro Gomes, também esteve nesta mesa de discussão e, de Manágua, falou ao Vermelho sobre o evento.
Publicado 20/08/2014 17:34
A caminho de uma nova conferência sobre os Cinco Heróis de Cuba, a presidenta do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) e do Conselho Mundial da Paz (CMP), Socorro Gomes, conversou por telefone com o Portal Vermelho, sobre sua experiência na mesa de debates junto com os delegados das Farc, durante o 17º Clae.
“Minha fala foi centrada nas causas do conflito colombiano, ou seja, que precedem inclusive a criação das Farc”, comentou Socorro ao lembrar que a questão agrária (primeiro ponto que foi negociado entre as partes em Havana, sede dos diálogos de paz) foi o estopim para que os camponeses levantassem as armas na Colômbia.
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Segundo ela, ainda é bastante preocupante a questão da violência empregada pelo Estado e por paramilitares contra os camponeses. “Os assassinatos de líderes da Marcha e da União Patriótica são frequentes, os camponeses tentaram um diálogo paralelo com governo após a greve agrária de 2013, mas não obtiveram sucesso”, disse Socorro.
Durante o evento na Nicarágua, a presidenta do Cebrapaz ressaltou a importância da questão política na Colômbia. “É preciso haver garantias para que o processo de paz seja efetivo, duradouro. Vemos muitas negociações terminarem e, posteriormente, seus atores serem perseguidos politicamente ou assassinados”, frisou Socorro, que insistiu: “é preciso haver ampla liberdade após o acordo final entre as Farc e o governo colombiano”.
Sobre a participação dos membros negociadores da guerrilha através de videoconferência, Socorro afirmou que “eles se mostraram muito otimistas com os diálogos, principalmente nesta etapa em que as vítimas estão sendo escutadas”. Para ela, o povo colombiano precisa ser ouvido a qualquer custo, inclusive em relação à forma como serão empregados os acordos feitos entre as partes. “Os cidadãos que sofrem com esse conflito há mais de meio século devem ser incluídos neste processo”, disse.
Socorro contou ao Vermelho que uma das resoluções aprovadas durante a conferência é que a juventude latino-americana deve criar comitês de solidariedade ao povo da Colômbia para apoiar as negociações de paz.
O 17º Clae acontece até o próximo dia 22 de agosto. Mais de 4 mil delegados de 26 nações participam do evento.
Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho