Soldados de Israel reprimem protestos na Cisjordânia e matam palestino

Diversas cidades da Cisjordânia relatam confrontos entre manifestantes e forças israelenses, na quinta e sexta-feira (1]/8), em meio aos protestos contra a ofensiva de Israel em Gaza, que já matou cerca de 1.440 pessoas desde que foi oficializada, sob o nome de “Margem Protetora”, em 8 de julho. Tamer Faraj Sammur, de 22 anos, foi morto com um disparo no peito. De acordo com o Clube dos Prisioneiros, contatado pelo Vermelho, mais de 1.500 pessoas foram detidas desde junho apenas na Cisjordânia.

Palestina - Palestine News Network

A agência palestina de notícias Maan relatou que batidas realizadas pelos soldados israelenses e confrontos disseminados com os palestinos têm transcorrido de forma intensificada há dias, desde que a operação militar “Guardião Fraterno” foi lançada contra o território ocupado, em 12 de junho, e escalado no decorrer da ofensiva contra Gaza, lançada quase um mês depois. Enquanto isso, a liderança do território sitiado convocou um "dia de ira" na Cisjordânia, nesta sexta.

Vilas e cidades como Qablan, na região de Nablus; Ein Qinia, Kufr al-Dik e Beit Ummar estão entre os locais em que os confrontos ocorreram na quinta-feira, após as invasões das forças israelenses, em batidas para deter civis palestinos. Em Qablan, os soldados dispararam duas bombas contra a casa da família Al-Aqraa para deter Zakariya Moussa al-Aqraa, que não estava lá. Além disso, também explodiram os portões da loja de Samer Hassan Abdulatif, detendo-o já ferido.

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Tamer Faraj Sammur foi morto por um soldado na manhã desta sexta em Tulkarem, no norte da Cisjordânia, atingido no peito. Em Kufr al-Dik, vizinhos tentaram defender a família de Ziyad Darwish Ali Ahmad, cuja casa foi invadida por colonos israelenses, que já estavam atacando outras áreas da vila. Forças israelenses logo invadiram a região para proteger os colonos, de acordo com testemunhas, em declarações à Maan, disparando bombas de efeito moral e munições letais contra os residentes. A agência divulgou imagens fortes de Tamer já morto e de confrontos:
 
Já em Ein Qinia, um grupo de jovens incendiou uma torre de controle militar israelense e foram reprimidos pelos soldados da mesma forma. Os confrontos foram sucedidos por uma invasão que os palestinos tentaram combater com pedras e coquetéis Molotov.

Quatro palestinos ficaram feridos pelos disparos com balas de metal revestidas com borracha das forças israelenses em Beit Ummar, próxima de Hebron, na noite de quinta-feira. Um porta-voz do comitê local de resistência popular citado pela Maan disse que os confrontos aconteceram na área oposta à área onde fica a colônia israelense de Karmi Zur. Centenas de famílias israelenses instalaram-se gradualmente na região, que foi ocupada também por postos de controle militar de Israel para fazer a “segurança” das colônias.

O Crescente Vermelho relatou diversos casos de sufocamento, inclusive de uma mãe e o seu filho, durante os confrontos entre os soldados e os palestinos, devido às bombas de gás lacrimogêneo. Na semana passada, ao menos cinco palestinos foram mortos pela repressão israelense em  manifestações massivas, sobretudo por disparos aparentemente intencionais no peito e na cabeça.

Mais de 10 mil pessoas participaram em protestos no início da semana passada na Cisjordânia, contra a ocupação e a ofensiva israelense a Gaza que, além das 1.450 pessoas mortas – cerca de 80% eram civis, de acordo com a ONU – também resultou na destruição de milhares de lares, levando 220 mil palestinos a se abrigarem em instalações já abarrotadas da ONU no território sitiado.

As informações foram transmitidas pelo comissário da Agência das Nações Unidas para Assistência e Trabalhos (UNRWA) Philippe Krähenbühl, convidado pelo Conselho de Segurança para atualizar o órgão de 15 membros sobre a situação atual em Gaza. Krähenbühl, que já havia emitido uma declaração oficial condenando de forma emocionada o ataque israelense a uma escola da UNRWA que abrigava 3.300 pessoas, matando ao menos 16 delas, voltou a fazer um apelo firme por ação contra a “carnificina” em Gaza.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações da agência Maan e da UNRWA