Europa resiste à política russofóbica dos EUA

Na Europa se está desdobrando uma batalha em torno da candidatura do novo representante da União Europeia para as Relações Exteriores. Alguns especialistas acreditam que se trata da relutância dos EUA em ver políticos independentes em Bruxelas que tomem decisões racionais de acordo com a situação atual.

Por Serguei Duz, na Voz da Rússia

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A candidatura do sucessor de Catherine Ashton, que ocupa o cargo de chefe da diplomacia europeia desde 2009, deve ser anunciada esta semana com base nos resultados da cúpula da União Europeia. No entanto, vários países da UE estão tentando impedir a nomeação esperada para este cargo da ministra das Relações Exteriores da Itália, Federica Mogherini. A campanha contra a italiana está sendo conduzida pela Letônia, Lituânia, Estônia e Polônia. Eles acreditam que ela não tem uma posição suficientemente dura para com a Rússia.

Talvez, em lugar de Federica Mogherini, a pasta vá para a búlgara Kristalina Georgieva, ou possivelmente para outra figura. No atual período histórico, as personalidades específicas não são tão importantes.

O essencial é que a Europa seja dirigida por “ratos cinzentos” – funcionários que não têm sua própria opinião e só ouvem os gritos de Washington. E isso apesar de a atitude amigável de Federica Mogherini para com a Rússia se justificar pelos interesses nacionais italianos.

Os norte-americanos estão forçando a Europa a aprofundar o confronto com a Rússia. E no caminho da “guerra fria” não há lugar para quaisquer reflexões. Numa atmosfera de mobilização ideológica opiniões independentes ou até apenas bom senso são considerados sabotagem ou no mínimo uma tentativa de fuga. Como se costuma dizer: “quem não está conosco está contra nós”.

Mesmo assim, nem todas as figuras são fáceis de retirar do jogo político europeu. Estamos falando da chanceler alemã Angela Merkel, que está mais frequentemente e mais insistentemente apelando a parar a pressão sobre Moscou em relação à crise ucraniana.

As esperanças de renascimento de um curso independente da Alemanha como líder europeu estão crescendo. Parece também otimista a disposição de nove países da União Europeia – Alemanha, França, Luxemburgo, Áustria, Bulgária, Grécia, Chipre, Eslovênia e Itália, que está na presidência da União Europeia, – de bloquear as tentativas de introduzir sanções econômicas contra a Rússia.

Digam o que disserem, os norte-americanos não conseguem montar uma frente antirrussa unida até mesmo de seus aliados mais próximos, acredita o analista político Vladimir Kozin:

“Os políticos da União Europeia estão começando a se perguntar por quê, para quê, por que razão introduzir quaisquer sanções contra a Rússia? Porque até agora ninguém em Washington lhes explicou claramente por que é necessário impor sanções”.

O medo de que as sanções antirrussas possam atingir a economia europeia, que se está recuperando lentamente, não é a única razão para a posição reservada das principais capitais europeias.

Tentando impor sanções econômicas contra a Rússia, os norte-americanos procuram reforçar a sua posição comercial na União Europeia, com a qual estão atualmente a negociar o livre comércio. Se as restrições forem introduzidas, os europeus se virão obrigados a ampliar o comércio com os Estados Unidos, mesmo nas categorias de produtos que lhes são menos rentáveis.

Assim, é vantajoso para Washington reduzir o volume de comércio entre a União Europeia e a Rússia, não só para enfraquecer a economia russa, mas também para reduzir o nível de competitividade dos fabricantes europeus no mercado mundial.

Resumindo, os norte-americanos mais uma vez colocaram seus parceiros europeus numa posição humilhante (só aqueles que ainda têm alguma autoestima, claro). Muitos líderes da Europa continental estão bastante cientes disso e não estão dispostos a sacrificar a soberania de seus países e a sua reputação política pessoal em nome de fins duvidosos.

Fonte: Voz da Rússia