Torneio de futebol reúne 120 crianças de comunidades pacificadas

Cerca de 120 crianças e adolescentes de oito comunidades pacificadas, com idade de até 15 anos participam nesta quarta-feira (18) de um torneio entre escolinhas de futebol do Projeto Zico 10, que tem núcleos espalhados por todo o Brasil. A Copa Soc 141 ocorre na Marina da Glória, na zona sul do Rio, até o dia 10 de julho. Cada comunidade representa uma seleção campeã de Copa do Mundo.

Zico

A Rocinha representa a Inglaterra, Vidigal responderá pela França, Andaraí será representada pela Itália, São Carlos pela Argentina, Alto da Boa Vista ficará com o Uruguai, a Alemanha será representada pela Cidade de Deus, o Morro da Providência representará o Brasil e Santa Marta responderá pela Espanha. Na abertura do torneio foi respeitado um minuto de silêncio em homenagem ao jovem do núcleo Cidade de Deus, na zona oeste, que faleceu esta semana.

O principal idealizador do Projeto Zico 10, o ex-jogador Zico, destacou a importância de projetos de integração social em comunidades que eram dominadas pelo tráfico, para aproximar os jovens da escola e transformá-los em cidadãos.

“A gente recebe muitos convites para competições no exterior. Eles já foram à China e à Austrália. Foram campeões nesses dois países. O mais importante é que eles têm que estar na escola também, com a frequência em dia e com notas boas. Não é só divertimento, não é só vontade de jogar futebol. É também a necessidade de mostrar para eles que o estudo não atrapalha em nada para quem quer ser jogador”, explicou.

Zico disse ainda que a Copa do Mundo está sendo muito boa para incentivar os garotos das comunidades, principalmente em relação ao número de gols que vem ocorrendo nos primeiros confrontos. Segundo ele os brasileiros estão sendo muito carinhosos e receptivos com todas as pessoas que vieram assistir ao Mundial de futebol no Brasil.

“Acho que é bom a gente ficar atento. O Brasil tem uma grande chance de passar em primeiro. Depende só dele. Mas acho que a seleção brasileira precisa ainda evoluir para poder disputar o título. Achei muito bonito ver a festa que os argentinos fizeram, com respeito. Cada hora cantava uma torcida. Uma torcida respeitava a outra. Acho que futebol é isto. O espetáculo fica bonito desta forma”, destacou.

O coordenador técnico geral das escolinhas Zico 10, Fernando Vannucci disse que são 500 núcleos espalhados por todo o Rio. Segundo ele, aproximadamente 50 mil crianças participam do projeto em todo o estado.

“A gente atende a muitas crianças, e o principal é formar o cidadão. A gente não busca grandes talentos, a gente não foca no alto rendimento. A gente foca em usar o esporte como educação, fazer a cidadania, que sejam vários Zicos como cidadãos, não como atletas. Claro que se algum talento despontar, a gente tem forma de indicá-los e chamar representantes dos grandes clubes do Rio”, disse.

O professor de educação física e do núcleo de São Carlos, na zona norte, André Rodrigues, disse que o apoio da comunidade ao projeto é muito grande. Até os pais que se envolveram com o tráfico de drogas, incentivam os filhos a participar do projeto, e a se dedicar aos estudos.

“O mínimo que a gente pode fazer é tentar levar, através do esporte, a diversão e alegria para eles. A gente sempre procura abraçar as crianças. Os pais que têm esta ligação direta com o tráfico apoiam as atividades dos menores, para que eles não tenham os pais, como exemplo. Eles querem para os filhos algo bem melhor”, explicou.

O jovem Nixon Gomes, de 15 anos, que está na equipe da Cidade de Deus. Ele tem como ídolo no futebol, o zagueiro e capitão da seleção brasileira, Thiago Silva. “Lá os treinos são de segunda a sexta. De segunda a quinta a gente faz exercício físico e sexta é coletivo. Eu gosto, me amarro [em jogar futebol]. Meu sonho é ser jogador. No primeiro jogo, eles [a seleção] jogaram bem, mas contra o México tomaram um pouco de sufoco”, disse.

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Fonte: Agência Brasil