Edilson Cavalcante: A certeza de ser um grande dia
Um grande dia, é assim que está estampado na fisionomia do rosto de cada um na cidade de São Paulo. O dia 06 de junho de 2014 foi diferente na metrópole brasileira.
Por Edilson Cavalcante*
Publicado 11/06/2014 14:49
Circulação limitada do metrô, chuva durante todo o dia e o fato de ser uma sexta-feira, que é sempre um dia de transito muito intenso, poderiam fazer com que todos desejassem não querer lembrar desta data, mis pelo contrario, existia um outro elemento que faria o transito ficar mais difícil, que faria as pessoas saírem correndo no meio da tarde, que faria buzinas e bandeiras serem uma constante nas ruas, era algo muito especial, era a maior cidade brasileira recebendo o último jogo do Brasil antes da Copa do Mundo.
Só se falava sobre o jogo, momento de definição, dúvidas por parte dos 200 milhões de técnicos espalhados pelo Brasil. Precisa mesmo colocar o Neymar? E se ele se machucar como está acontecendo com vários craques de outras seleções? Prevaleceu o fato de que ele jogou pouco no últimos dias e por isso precisava pegar ritmo de jogo. Estas foram perguntas e respostas que se encontravam na ponta da língua de qualquer um que fosse abordado.
Se aproximava o horário do jogo, chegava o momento de se dirigir ao estádio, ao entrar no carro a certeza que não seria fácil chegar, congestionamentos se avolumavam pela cidade, no rádio se falava em mais de 240 KM de lentidão, na internet registravam que as vias tinham uma velocidade de 9 KM por hora. Em outros momentos a raiva e agonia estariam presentes no interior de cada veículo, mas nessa sexta feira foi diferente, gritos de Brasil e a certeza de se estar indo fazer parte de um grande momento da história do futebol brasileiro contagiava a todos com uma grande felicidade.
Creio eu que a Fifa estava preocupada com o seu padrão de qualidade e que ficará por toda a Copa. Porém, camisas de altíssimo nível de falsificação e cervejas relativamente geladas eram vendidas até na porta do estádio, algo inaceitável para os dirigentes desta entidade que é sediada na Suíça, deve ser por isso que eles não entendem o que é o Brasil, precisam ler um pouco de Sergio Buarque de Holanda e aprender com um tal homem cordial.Os cambistas, verdadeira instituição brasileira e figuras presentes em qualquer evento futebolístico, estavam lá enfrentando a chuva e a meteorologia.
Correria para entrar! Todos queriam estar devidamente posicionados na hora do hino nacional. Ao entrar e ver que em seu local de comando já se encontrava nosso general Luis Felipe Scolari tinha-se a certeza de que o caneco seria nosso, pois este senhor nunca foi de meias palavras e independente de ser na bola ou na porrada com ele no comando não existe apátrida que acredite que a copa não será nossa.
Jogo difícil, 67 mil soldados no estádio, uns vacilantes que não entendem que se não é para apoiar a canarinho deveria ter ficado em casa, ganhamos, o juiz deu logo uma roubada (anulou um gol legal do Brasil), o Neymar não se machucou e time está pronto para estreia.
Hora de sair, de aguardar seis dia para o grande jogo. De repente vem a mente que aguardar que nada, é hora de concentrar junto, de beber e estocar cervejas para a batalha, pintar a rua, analisar se não é o caso de comprar outra televisão, comprar rojões e solta-los em frente ao hotel de todos os times adversários. Chegou a hora de entrar em campo, de fazer com que todos tremam por enfrentar o Brasil em casa, de ganhar o hexa e gritar "sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor”.
*Edilson Cavalcante é ex-dirigente da UJS e membro do PCdoB-Ceará.