Morre o pesquisador, cineasta e escritor pernambucano Liêdo Maranhão
O pesquisador, cineasta e escritor pernambucano, Liêdo Maranhão, morreu nesta quarta-feira (14), às 5h36. Liêdo deixa esposa e dois filhos. Segundo informações de um dos filhos, Ronan, ele havia ficado internado durante quatro meses depois de uma fratura no fêmur. O velório começa nesta quarta e a cerimônia de cremação será realizada na quinta (15), às 11h, no Memorial Guararapes.
Publicado 14/05/2014 11:03
Liêdo Maranhão de Souza nasceu no bairro de São José, na cidade do Recife, no dia 3 de julho de 1925. Formou-se em Odontologia, pela Faculdade de Medicina, Odontologia e Farmácia do Recife, no final da década de 1940. Em novembro de 1949, fundou com alguns amigos e seu irmão Joviniano a Escola de Samba Estudantes de São José, uma das mais tradicionais do carnaval pernambucano.
Em 1964, começou a fazer esculturas de madeira e foi premiado no Salão de Arte do Estado de Pernambuco. Participou também do Atelier + 10, situado na Rua do Amparo, em Olinda, ao lado de artistas plásticos como João Câmara, Anchises Azevedo. Wellington Virgolino, Vicente do Rego Monteiro, Montez Magno, Delano e Maria Carmem.
Foi integrante do Partido Comunista Brasileiro, no qual militou até depois do golpe militar de 1964. Chegou a ser Secretário de Finanças do Diretório Municipal e teve ligações com Movimento de Cultura Popular do Recife, no primeiro governo de Miguel Arraes.
Em 1967, começa viajar pelo interior em busca de folhetos de cordel para uma pesquisa sobre o cangaço, apaixonando-se pela literatura popular. Foi colaborador da Revista Equipe, dos servidores da Sudene e do Jornal Universitário, da Universidade Federal de Pernambuco, escrevendo sobre poesia popular.Em 1977, ganhou o primeiro prêmio de escultura no XXX Salão Oficial de Arte do Museu do Estado de Pernambuco.
Escritor, escultor, cineasta e fotógrafo, Liêdo foi considerado um dos maiores colecionadores da cultura popular do Nordeste brasileiro, juntando documentos, depoimentos de populares nas ruas do Recife, garimpando publicações antigas nos sebos da cidade, principalmente, sobre medicina popular e culinária, que datam no final do século 19 e início do 20 e objetos artísticos há mais de trinta anos.
A sua casa é uma mistura de galeria de arte, museu e biblioteca, espaço hoje denominado de Casa da Memória Popular. Esculturas de ferro retiradas de construções demolidas do Recife; obras assinadas por artistas como João Câmara, Bajado, José Cláudio; esculturas em pedra e madeira feitas por artistas populares e anônimos; coleções de livros raros e preciosos; folhetos de cordel; xilogravuras; flâmulas e panfletos de campanhas políticas; cartões postais, entre outros documentos da cultura popular nordestina. O acervo é estimado em mais de dez mil unidades.
Homenagem ao Liêdo
O colunista do quadro, Prosa, Poesia e Política do Portal Vermelho, Urariano Mota, que é escritor e jornalista pernambucano, autor do livro Dicionário Amoroso do Recife, faz uma homenagem ao Liêdo Maranhão. O próprio colaborador, Urariano, encaminha para o Vermelho o artigo. O mesmo segue abaixo como arquivo.
Com informações da Rádio Jornal e do arquivo da Fundação Joaquim Nabuco