Vicente Neto fala sobre visita de estrangeiros durante a Copa
Em artigo publicado no jornal A Tarde desta sexta-feira (09/05), Vicente Neto, presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), fala sobre a chegada de turistas estrangeiros à Bahia, durante a Copa do Mundo deste ano, e os impactos que a visita causará na economia do país. Abaixo, o texto na íntegra.
Publicado 09/05/2014 16:16 | Editado 04/03/2020 16:15
“Reservas de passagens aéreas para Salvador durante Copa subiram 292%
Vicente Neto*
A menos de quarenta dias do início da Copa do Mundo FIFA 2014 no Brasil, dados preliminares indicam que as chegadas de turistas estrangeiros durante o período de realização do evento é 4,5 vezes maior na comparação com o mesmo período de 2013. O aumento no número de reservas indica que o torneio, para o qual já foram vendidos 1,7 milhão de ingressos – sendo 38% para torcedores estrangeiros, será um evento de sucesso. No caso de Salvador, a pesquisa da empresa espanhola Forward Data (Fowardkeys®) em parceria com a Pires & Associados, divulgada no começo de abril, mostra um crescimento de 292% nas reservas internacionais para as datas do torneio mundial.
Os principais países emissores para Salvador são os Estados Unidos (19%), Alemanha (15%) e Suíça (11%). Ainda de acordo com o estudo, os visitantes vão ficar em média de uma até três semanas; poucos ficarão menos de quatro dias. Antes de chegar a Salvador, que irá sediar cinco jogos envolvendo seleções de oito países, cerca de 11% dos turistas farão paradas, em sua maioria no Rio de Janeiro e em Fortaleza. No ano passado, durante a realização da Copa das Confederações, Salvador recebeu 47,2 mil turistas, dos quais 4.100 eram estrangeiros, conforme pesquisa feita nas seis cidades-sedes do evento pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica) para o Ministério do Turismo.
Realizada durante 15 dias, a Copa das Confederações gerou uma renda de R$ 9,7 bilhões para o país, dos quais 58% ficaram nas cidades-sedes, segundo a pesquisa da Fipe. Turistas brasileiros e estrangeiros gastaram R$ 991 milhões durante o evento. No caso de Salvador, o estudo mostra que o evento movimentou R$ 38,2 milhões, com uma permanência média de quase uma semana dos turistas estrangeiros, cujos gastos na cidade somaram R$ 7 milhões. De acordo com o estudo da Forward Data (Fowardkeys®)/Pires & Associados, Salvador está entre as três cidades com maior número de reservas, atrás apenas de São Paulo, que terá o jogo de abertura em 12 de junho, e do Rio de Janeiro, sede na final em 13 de julho.
De acordo com as reservas de passagens já confirmadas para o período da Copa, a permanência dos torcedores/turistas estrangeiros será maior durante os jogos da fase inicial, até 26 de junho. Os dados indicam ainda que os visitantes de países mais próximos tendem a ficar menos tempo, e que os visitantes de países mais distantes tendem a ficar mais tempo no Brasil. Estudo realizado em 2010 pelo Ministério do Esporte mostra ainda que os impactos econômicos potenciais resultantes da realização da Copa no Brasil poderão chegar a R$ 183,2 bilhões até 2019, dos quais R$ 47,5 bilhões (26%) são diretos e R$ 135,5 bilhões são indiretos (74%).
Em âmbito internacional, o setor de turismo já se consolidou como um polo dinâmico da economia. O mercado de viagens representa 30% das exportações mundiais de serviços e 6% das exportações mundiais totais. Como categoria de exportação, o turismo se situa em quarto lugar, conforme dados da Organização Mundial de Turismo.
Mais importante que o resultado econômico são os ganhos do país com a exposição de nossa imagem no exterior, com os empregos gerados (710 mil vagas permanentes e temporárias serão criadas) e a qualificação dos trabalhadores brasileiros – somente no Pronatec foram registradas 166 mil matrículas até abril. Do ponto de vista do turismo, o evento deixa como ganhos a qualificação profissional, a entrada de divisas, a geração de empregos e uma melhor infraestrutura."
*Vicente Neto, turismólogo, baiano, é presidente da Embratur (Instituto Brasileiro do Turismo)