É preciso garantir e avançar nos direitos dos trabalhadores

Nesta quinta-feira (1º/5), o Brasil e outros países comemoram o Dia Internacional do Trabalho. Diante desse tema, o presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Renato Rabelo faz uma reflexão sobre o papel da classe trabalhadora na atual conjuntura e também destaca o movimento “Volta Lula” como uma vergonhosa ação oposicionista para dividir e desprestigiar o governo Dilma.

Eliz Brandão, para a Rádio Vermelho

Para Renato, o 1º de Maio tem que ser considerado a partir da realidade do mundo de hoje, do Brasil de 2014, “primeiro que o mundo vive e continua vivendo numa crise do sistema capitalista há mais de seis anos. Essa crise levou a perdas importantes de conquistas de direitos dos trabalhadores no mundo. Para se ter uma ideia, hoje são 202 milhões de pessoas que estão desempregadas no âmbito mundial. O desemprego hoje na Europa e no mundo chega a um nível alarmante, nunca visto, e com perdas de direitos sociais e previdenciários. Como sempre os capitalistas jogam o peso da crise nos ombros dos trabalhadores. Isso tem um impacto muito grande que a gente tem que considerar”.

Avanço das conquistas dos trabalhadores

Segundo o presidente do PCdoB, o Brasil, neste estágio em que vivemos, pode até comemorar vitórias importantes para os trabalhadores. “A partir de 2002 com o primeiro governo Lula, o segundo governo Lula e com governo Dilma que mantém essas conquistas, esses direitos. A presidenta Dilma, apoiada pelas reivindicações dos trabalhadores, fixou como prioridade do seu governo a defesa da economia nacional, preserva os direitos dos trabalhadores, a oferta de empregos e o aumento real do salário, sobretudo, do salário mínimo. Em 2013, o Brasil obteve grandes vitórias, com uma taxa de desemprego nunca vista: 5,3%. E hoje a taxa de desemprego é muito baixa, em um mundo em crise, com restrições importantes da economia mundial e brasileira.

Dados sobre emprego

Renato aponta que 21 mil empregos formais foram criados nestes últimos 12 anos. Nos últimos três anos, foram criados 4,8 milhões de empregos e o aumento real do salário mínimo, passa de 70%. “O Governo Dilma tem mantido essas conquistas fundamentais, por isso, temos dito ao povo brasileiro, que precisamos fazer uma reflexão: de onde vem, portanto, essa onda de agressividade que dia noite a oposição e os grandes veículos de comunicação desferem contra a presidenta Dilma que tem agido dessa maneira em relação aos trabalhadores? É necessário avaliar isso”.

Crescimento econômico

O Brasil cresce, mas cresce distribuindo renda e valorizando o trabalho, inclusive os limites do crescimento hoje do Brasil, acontece no mundo inteiro. Ele não cresce mais, é um crescimento mais limitado, em função desse quadro de crise geral próprio do sistema capitalista. O Brasil tem se desenvolvido cada vez mais, tem direcionado sua riqueza para o progresso social e para a melhoria da vida do povo. Por isso, essa virada de mesa, é reação da elite privilegiada brasileira, que não engole, porque seguem ganhando com a especulação financeira. Aquilo que para os trabalhadores é solução, para os principais candidatos à presidência, da oposição, o aumento real do salário mínimo, a grande oferta de empregos, em vez de conquistas, são problemas, são ameaças. Ou seja, nos jantares, esses candidatos, evidentemente longe das câmeras de TV, uma vez eleitos vão aplicar ‘remédios amargos’. Essas receitas nós já conhecemos na prática, enfatizou Renato.

O PCdoB lança um grito de alerta para dizer para os trabalhadores, que neste momento, o Brasil se encontra diante de um dilema, ou se procura caminhar por mais conquistas, ou pode-se voltar para trás. “Com esse discurso da oposição um retrocesso haverá”, afirma.

Para o dirigente, toda essa fase de conquistas, pode estar ameaçada. “Nós estamos alertando. O desemprego tem que aumentar, não pode se garantir, não se pode sustentar o aumento do salário mínimo e são eles que estão dizendo, ressalta Renato sobre os candidatos da oposição à presidência da República. “Por isso, que não aparece à alternativa real deles”, esclarece.

De acordo com Renato, a presidenta Dilma tem se referido sobre esse assunto quando diz que “temos que ir adiante, com mais conquistas, transformando o Brasil numa grande nação”.

O PCdoB nasceu das lutas operárias, e nós reforçamos os compromissos que nós temos com a classe operária e sua luta. O PCdoB sempre batalha pela unidade dos trabalhadores, porque é a unidade que produz a força. A força real dos trabalhadores vem dessa unidade, o PCdoB tem empregar, insistentemente, a necessidade de construir em torno de seus anseios e objetivos políticos também, assim que poderá ter papel importante nas mudanças. Por isso mesmo, disse Renato, “temos que considerar as bandeiras dos trabalhadores, como o desenvolvimento da economia, com a valorização do trabalho, a manutenção da política de aumento real do salário mínimo”. Sobre a redução da jornada de trabalho, o presidente do PCdoB diz: “temos base material e econômica para garantir isso”. Outras fundamentais bandeiras dos trabalhadores, segundo Renato, são: “o fim do fator previdenciário, a realização plena da reforma agrária e o apoio à agricultura familiar, com créditos maiores”, lembrou.

Renato falou ainda sobre a importância da luta por direitos iguais, segundo ele, a bancada do PCdoB no Congresso Nacional tem acampado a luta por salário igual para trabalho igual entre homens e mulheres. “Essa é outra luta importante”.

“Nós queremos ir adiante. Nesse dia de luta, comemorativo, a gente reaviva a luta pelos direitos dos trabalhadores, e é uma festa também, que a gente tem que comemorar”, diz.

Novo projeto de desenvolvimento

O programa do PCdoB é muito explícito, existe para valer e nós defendemos um novo projeto nacional de desenvolvimento, que na realidade em nosso país constitui em um caminho para que o Brasil siga as reformas estruturais democráticas, reforma agrária, tributária, reforma política, que tem um sistema de representação que tenham mais trabalhadores, nós temos que ter expressão política, que seja condizente com a dimensão dos trabalhadores em nosso país, que é a maioria da população. E nós sabemos que esse é o caminho, das reformas, de avançar num projeto nacional de desenvolvimento mais profundo. É o caminho para que a gente possa alcançar o socialismo. Para nós é um grande projeto, pois ao mesmo tempo podemos conseguir a emancipação dos trabalhadores e o fortalecimento da nação. Por isso que nós defendemos essa ideia de uma sociedade socialista. Como também é o fortalecimento da nação, ou seja, a soberania da nação a gente só consegue com uma sociedade mais avançada, mais autônoma, independência, defendendo os interesses da grande maioria do povo brasileiro, sobretudo, os trabalhadores.

Para Renato, o 1º de Maio é um momento importante de reflexão política. “Por isso que conclamamos os trabalhadores para refletirem. Quem é que garante a continuidade dessas mudanças? Com mais reformas e conquistas sociais e trabalhistas?”

Democratização da comunicação

As centrais sindicais reunidas em um ato nacional para comemorar o 1º de maio, na capital paulista, escolheram o tema “Comunicação: o desafio do século”, querendo intensificar a luta pela democratização da comunicação como um direito humano, garantido pela constituição federal.

Para Renato, apesar das conquistas que alcançamos o avanço democrático do país não é possível, se a comunicação que existe hoje seja uma comunicação monopolizada. Segundo o dirigente comunista, “as notícias, as informações, as análises desses acontecimentos, não podem ser matéria de monopólio. E no Brasil, quem tem o monopólio da informação são quatro, cinco grandes famílias que mantém até hoje isso”.

O presidente comunista ressaltou que é muito positivo que as centrais tenham colocado esse tema da comunicação. “É certo que os trabalhadores tem se levantado hoje no 1º de maio, essa ofensiva mesmo que fazem contra a presidenta Dilma, é uma aberração, ou seja, a mídia pode fazer oposição de manhã, de tarde, de noite, mas se a gente for defendê-la, a justiça vai dizer que estamos fazendo campanha. Agora a mídia toda pode fazer campanha contra a presidenta da república?, questiona.”

“Volta Lula”

A questão do “Volta Lula” é inflada, destacada pela grande mídia, por que é uma forma de tentar dividir as fileiras de apoio à presidenta Dilma. Por que se insiste nisso? Pensar que a grande mídia está a favor da volta do Lula é uma grande ingenuidade. Aliás, já demonstraram que são contra ele, sucessivamente, desde o seu primeiro mandato, portanto é uma jogada. É uma tentativa de explorar essa questão para as nossas fileiras que essas contradições sejam motivos de antagonismo no seio daqueles partidos que apoiam à presidenta, e é isso que eles querem.

E nessa linha de tentar desacreditar a presidenta, e ficar insistindo nesse “volta Lula” é uma forma de tentar mais ainda inflar essa ideia do descrédito à presidenta da república. Ou seja, é outra campanha oposicionista, “é uma campanha paralela. É um absurdo”, considerou Renato. Para ele, é uma grande jogada da mídia que “realça tudo que é negativo do governo e tudo que é negativo da oposição é escondido, então tem uma prática clara e ostensiva de oposição”.

Confira a íntegra da entrevista com Renato Rabelo na Rádio Vermelho.