Otan aumenta expressão militar na Europa apesar de apelo russo

O ministro russo das Relações Exteriores Serguei Lavrov advertiu a Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) que nenhum dos lados será beneficiado com a suspensão da cooperação bilateral. Na escalada da retórica remanescente da Guerra Fria, a Otan anunciou o congelamento dos trabalhos com a Rússia devido à crise na Ucrânia.

OTAN - AFP Photo / John Thys

“A decisão tomada pelos ministros das Relações Exteriores no conselho da Otan de suspender a cooperação civil e militar com a Rússia cria um efeito de ‘déjà vu’”, disse o porta-voz do chanceler Lavrov, Aleksandr Lukashevich, em uma declaração emitida nesta quarta-feira (2).

“A linguagem da declaração [dos chanceleres da Otan] lembra a batalha de palavras durante a era da Guerra Fria”, acrescentou. De acordo com o porta-voz, a história repete-se também porque a aliança militar anunciou outra suspensão do gênero há seis anos, quando a questão em pauta era a crise na Ossétia do Sul, mas alguns meses depois, a decisão foi anulada.

“Não é difícil enxergar quem vai se beneficiar do desvio do trabalho conjunto entre a Rússia e a Otan no combate às ameaças modernas e aos desafios à segurança internacional e europeia”, disse o porta-voz, ressaltando: “não será a Rússia ou os membros da aliança.”

Lavrov expressou a sua preocupação com a decisão em uma conversa telefônica com o seu homólogo estadunidense, John Kerry, de acordo com a emissora Russia Today, que citou uma declaração emitida pela Chancelaria russa.

“John Kerry nos assegurou da firme intenção de reduzir a retórica e continuar a buscar uma abordagem conjunta a uma solução política para a crise na Ucrânia”, diz a declaração da Chancelaria. Entretanto, este esforço enfrenta desafios, ressalta o documento, devido às especulações de “ameaça” das forças russas na fronteira com a Ucrânia ainda sendo promovidas pelas potências ocidentais e a mídia.

Especulações e ameaça

A última acusação veio do comandante-aliado supremo da Otan na Europa, general da Força Aérea dos EUA Philip Breedlove, que alegou que a Rússia poderia invadir a Ucrânia “em uma questão de dias”. O secretário-geral da Otan Anders Fogh Rasmussen respaldou a especulação de Breedlove, exigindo a retirada das supostas 40 mil tropas russas estacionadas na fronteira.

A Rússia tem negado repetidamente o aumento da presença militar na região, citando inspetores internacionais e ainda permitindo o sobrevoo de um jato de vigilância ucraniano pelo território.

Na última semana, a Chancelaria russa também emitiu uma declaração informando que quatro avaliações conduzidas em março por missões internacionais na Rússia não encontraram “preparações agressivas” ou atividades militares além das já declaradas anteriormente.

Em entrevista concedida no final de semana, Lavrov insistiu que a Rússia não tem planos de enviar tropas à Ucrânia. Por outro lado, o conselho de ministros da Otan ordenou que os planejadores militares desenvolvessem “urgentemente, uma série de medidas adicionais para reforçar as defesas coletivas da Otan” às portas da Rússia, enviando mais tropas, armamentos e equipamentos militares para o Leste europeu.

Da redação do Vermelho,
Com informações da Russia Today