Refugiados palestinos na Síria recebem ajuda contra calamidade

Depois de meses de bloqueio e cerca de 50 mortes devido à fome, a assistência humanitária finalmente chegou ao campo de refugiados palestinos de Yarmouk, na Síria, nesta semana. Os confrontos e a atuação de mais grupos paramilitares e extremistas no país engolfaram os refugiados, alguns obrigados a fugir pela segunda ou terceira vez, mas outros ficando completamente presos e sitiados em meio ao conflito armado.

Refugiados palestinos na Síria - UNRWA

A Agência das Nações Unidas para Assistência e Trabalhos (UNRWA), responsável pelos refugiados palestinos na região, divulgou imagens, nesta quarta-feira (26), que mostram a devastação no campo de Yarmouk, cuja extrema emergência humanitária vinha sendo objeto de grave preocupação.

“É impossível não ficar emocionado pelas cenas apocalípticas emergindo do campo de refugiados palestinos de Yarmouk, em Damasco, sitiado e bloqueado há meses,” disse o porta-voz da UNRWA, Chris Gunness. A agência pôde retomar o envio de ajuda ao campo na segunda-feira (24).

Leia também:

Sírios e refugiados palestinos demonstram apoio ao governo
Síria tenta aliviar emergência em campo de refugiados palestinos
Refugiados palestinos enfrentam grave crise humanitária na Síria

No mesmo dia, o ministro sírio das Relações Exteriores e dos Emigrados, Fayssal Mikdad discutiu com o líder do birô político da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Damasco, o embaixador Anwar Abdul-Hadi, as condições no campo de refugiados.

Em reunião na capital da Síria, Mikdad reiterou ao embaixador palestino a prontidão da Síria em oferecer todas as facilitações necessárias para garantir a implementação da iniciativa palestina sobre a crise em Yarmouk. Ele disse ainda que o governo enviaria equipamentos e ferramentas necessárias para reparar as redes de energia elétrica, abastecimento de água e telefonia, até que todos os serviços sejam restabelecidos no campo.

              Foto: UNRWA
        
          "Não havia o que comer", diz o senhor, um refugiado palestino evacuado (pela ONU e pelo Crescente
           Vermelho, em coordenação com o governo sírio) do campo de Yarmouk, bloqueado por seis meses, na Síria.

As negociações entre o governo sírio e a ONU, assim como com os grupos armados que atuam na região – ou que têm influência sobre os paramilitares – resultaram na transposição de um bloqueio que deixou milhares de palestinos ilhados no campo de refugiados. Além disso, a disseminação de grupos extremistas ligados à rede Al-Qaeda vinha impossibilitando a chegada de assistência a Yarmouk, assim como a outras regiões da Síria.

A evacuação de pacientes e de estudantes em Yarmouk deve continuar, assim como a distribuição de alimentos, em coordenação com a UNRWA.

O governo sírio também tem trabalhado com a ONU e com o Crescente Vermelho Sírio para distribuir assistência humanitária a outras regiões do país, embora os confrontos e ataques dos grupos armados sejam um entrave determinante na realização das operações, deixando os civis ainda mais expostos à violência.

Representando a OLP e o acordo alcançado entre os 14 partidos e movimentos políticos que a compõem, Abdul-Hadi saudou o compromisso da Síria com a iniciativa proposta e com a exclusão dos refugiados palestinos na crise. Ele também reafirmou a postura da liderança palestina com relação ao conflito, em apoio a uma solução política através do diálogo entre todos os sírios, sem a ingerência estrangeira.

O campo de Yarmouk enfrenta um período de seis meses de bloqueio, enquanto os esforços para expulsar os grupos armados são contínuos. Faltam comida e suprimentos de emergência, o que aumenta uma situação já extrema para os milhares de refugiados no campo de pouco mais de dois quilômetros quadrados, que acomoda a maior comunidade de refugiados palestinos na Síria.

Da redação do Vermelho,
Com informações da UNRWA e da Sana