MST “pinta” de vermelho Brasília em marcha pela reforma agrária
Milhares de manifestantes, vestindo camiseta e boné vermelhos, carregando cartazes e gritando palavras de ordem, marcharam pelas ruas de Brasília, no percurso que liga o Ginásio Nilson Nelson, onde acontece o 6º Congresso Nacional do MST, até a Praça dos Três Poderes, onde protestaram contra o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, a quem acusam de impedir o avanço da reforma agrária.
Publicado 12/02/2014 17:53
No caminho para a Praça dos Três Poderes, os manifestantes passaram em frente à Embaixada dos Estados Unidos, gritando palavras de ordem contra a política belicista e imperialista do país.
Em todos os locais, os manifestantes encontraram as postas fechadas e centenas de seguranças guardando as entradas. “Nós não queremos invadir nenhum prédio”, explicou o dirigente nacional do MST, Manuel Messias Bezerra, dizendo que o objetivo é protestar em frente aos três poderes porque no Supremo Tribunal Federal (STF) tem processos engavetados, no governo federal há prioridade para o agronegócio e no Congresso Nacional, a maioria, principalmente a bancada ruralista, emperra a aprovação de leis que garantam o assentamento dos sem-terra no Brasil .
A caminhada teve início às 14 horas no ginásio Nilson Nelson, e só chegou à Esplanada dos Ministérios por volta de 16 horas, descendo em um enorme cordão vermelho a ladeira que leva até a Praça dos Três Poderes. Os manifestantes eram estimulados pelo som de tambores. E nas mãos levaram cartazes que diziam: “Na luta do povo, ninguém se cansa”.
No final da marcha, que se prolongava por toda avenida muito tempo depois que grande número de manifestantes já se acomodava na praça, vinham os jovens. Animados, eles gritavam: “É por amor a essa pátria Brasil que a gente segue fileira”.
Os manifestantes se dividiram em três grandes grupos, próximo aos prédios dos três poderes, onde permaneceram por mais de uma hora, gritando palavras de ordem, onde denunciavam a atual estagnação da Reforma Agrária no Brasil.
Para o Movimento, este é um dos piores períodos da reforma agrária: apenas 7.274 famílias foram assentadas em 2013, a partir da desapropriação de 100 áreas, em 21 estados. Dados do Incra (Instituto nacional de Colonização e Reforma Agrária) apontam que foram assentadas 30 mil famílias, número superestimado, já que inclui áreas de regularização fundiária na Amazônia.
Durante todo o governo Dilma, apenas 176 desapropriações de terra foram realizadas, desempenho que só perde para os três anos do período Collor, quando 28 áreas foram desapropriadas. O MST diz que o volume de acampados reafirma a necessidade de acelerar a reforma agrária no Brasil: mais de 150 mil famílias vivem atualmente em acampamentos, das quais 90 mil integram o Movimento.
De Brasília
Márcia Xavier