Metroviários contradizem Alckmin e atribuem falhas nos trens

O Sindicato dos Metroviários de São Paulo distribuiu nesta quarta-feira (5) nota oficial sobre as falhas que aconteceram na Linha 2 – Vermelha do Metrô de São Paulo na noite desta terça-feira (04). Eles atribuem o problema à superlotação dos trens e ao que chamam de “maldita frota K”, o lote de trens que foram reformados pelo consórcio liderado pela empresa Alston e investigado pelo Ministério Público por ser alvo do chamado “propinoduto dos trens de São Paulo”.

Segundo o sindicato, a falha ocorrida nesta terça-feira (4) aconteceu justamente no trem de número K-07, “o mesmo que descarrilou em agosto do ano passado, que ao retornar a operação, falhou por abrir a porta do lado contrário”, dizem os metroviários.

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“Além das falhas durante a operação, como as de ontem, os trens do propinoduto param para manutenção com mais frequência. O que causa uma redução de carros nos horários de pico (…) Denunciamos que as principais consequências do propinoduto são as péssimas condições dos trens reformados. A empresa privada que ganhou concorrência, a base de propina, oferece um péssimo serviço. Como já havíamos denunciado, essa frota, com apenas 7 trens, somou 696 falhas num período de 30 dias. Sendo mais de 300 somente no K07. Trem citado nessa ocorrência”, denuncia a nota do sindicato de empregados do Metrô paulistano.

Em declaração à imprensa nesta quarta-feira (05), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), atribuiu o problema a uma possível “sabotagem”, já que os botões de emergência do interior dos trens foram acionados pelo menos sete vezes em pouco mais de quarenta minutos, limitando a retomada das locomotivas.

O Sindicato dos Metroviários de São Paulo, entretanto, contradiz o governador e diz que a falta de energia nos trilhos, como aconteceu ontem, faz com que o ar condicionado dos trens seja desligado e transforma o interior dos vagões em algo insuportável para os passageiros.

“Exigimos solução técnica para o ar condicionado que não tem fonte alternativa de energia. Quando a via tem que ser desenergizada, por qualquer problema, o ar condicionado desliga também”, adverte a entidade.

Na nota, os metroviários também reclamam da superlotação das plataformas e da falta de empregados para garantir a segurança dos usuários.

“Nós entendemos o desespero e a revolta dos usuários. Mas, em momento como os de ontem é necessário seguir as orientações dos funcionários das estações, que tentam minimizar para que não aconteçam consequências mais graves. Os metroviários sempre estarão presentes para ajudar. Infelizmente não nos é dada condições suficientes para atuar. O Metrô está saturado e somos poucos para um público de 5 milhões de usuários”, afirma o sindicato.

Leia a íntegra da nota dos metroviários de São Paulo:

“Nota oficial do Sindicato dos Metroviários sobre as falhas e acontecimentos ocorridos na terça-feira, dia 4 de fevereiro de 2014

Os metroviários lamentam profundamente o sufoco que passaram os usuários e funcionários na noite de ontem, dia 4 de fevereiro. Sob condições adversas, nos dedicamos diariamente para garantir o funcionamento do Metrô. No entanto, mais uma vez, um trem "reformado" (a maldita frota K) apresentou problemas de porta causando uma reação em cadeia. Os trens parados dentro dos túneis com o ar condicionado desligado gerou uma situação insuportável.

Os trabalhadores do Metrô já haviam denunciado ao Ministério Público os problemas dos trens reformados pela iniciativa privada. Os "trens do Propinoduto". Exigimos, também, uma solução técnica para o ar condicionado dos trens para que não desliguem dentro do túnel.

Alertávamos para a possibilidade de situações como esta ocorrerem, mas infelizmente, nada foi feito. Diante do caos de ontem voltaremos a procurar o MP buscando soluções.

Nós entendemos o desespero e a revolta dos usuários. Mas, em momento como os de ontem é necessário seguir as orientações dos funcionários das estações, que tentam minimizar para que não aconteçam consequências mais graves.

Os metroviários sempre estarão presentes para ajudar. Infelizmente não nos é dada condições suficientes para atuar. O Metrô está saturado e somos poucos para um público de 5 milhões de usuários.

Neste quadro, não ajuda em nada, as declarações do Secretário Jurandir Fernandes, que numa tática diversionista, culpabiliza "grupos organizados" pelo caos. A culpa não é do usuário. Ir por esse caminho é fugir da solução e da responsabilidade com o público.

Os problemas são:

1- As falhas dos trens do propinoduto. Não é coincidência que o trem K-07, que abriu falha ontem, é o mesmo que descarrilhou em agosto do ano passado, que ao retornar a operação, falhou por abrir a porta do lado contrário.

Denunciamos que as principais consequências do propinoduto são as péssimas condições dos trens reformados. A empresa privada que ganhou concorrência, a base de propina, oferece um péssimo serviço. Como já havíamos denunciado, essa frota, com apenas 7 trens, somou 696 falhas num período de 30 dias. Sendo mais de 300 somente no K07. Trem citado nessa ocorrência.

2- Poucos trens no horário de pico. Além das falhas durante a operação, como as de ontem. Os trens do propinoduto param para manutenção com mais frequência. O que causa uma redução de carros nos horários de pico.

3- O ar condicionado. Exigimos solução técnica para o ar condicionado que não tem fonte alternativa de energia. Quando a via tem que ser desenergizada, por qualquer problema, o ar condicionado desliga também.

4- CBTC. O investimento vultuoso nesse novo sistema de sinalização de via, funciona mal e com risco para o usuário, principalmente onde não há operadores de trem.

5- Porta plataforma. Em um sistema carregado como o Metrô de São Paulo são necessárias as portas nas plataformas. Elas servem para minimizar as interferências como a queda de objetos na via e em situações como a presente impossibilidade de entrada na via. Até hoje não houve uma explicação plausível sobre o contrato que iniciou a implantação das portas nas plataformas. Aquelas que viraram monumento na estação Vila Matilde.

6-Superlotação. Ocorre por falta de expansão da malha metroferroviária.

7- Falta de funcionários. Há vinte anos o sistema operava com mais funcionário que hoje. Sendo que, na época, havia menos usuários e menos estações.”

Fonte: Terra Magazine