Governo e oposição de Moçambique retomam negociações
O Governo moçambicano e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição e antigo movimento rebelde, retomaram nesta segunda-feira (27) o diálogo político, em Maputo. Mais de três meses depois do último encontro, delegações das duas partes estiveram reunidas durante cerca de meia hora.
Publicado 27/01/2014 16:18
Na reunião foi discutida a presença de mediadores e observadores do processo de diálogo iniciado em Maio de 2013, que não produziu frutos. O último encontro das negociações para dar resposta a queixas do partido da oposição sobre a composição dos órgãos eleitorais tinha ocorrido em meados de outubro. Nos últimos meses, a comunicação foi feita por escrito.
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Neste tempo, os confrontos continuaram. A Renamo multiplicou ataques a colunas de carros, principalmente no centro do país, e as forças governamentais ocuparam sedes e bases do partido, incluindo Satungira, onde vivia o líder da oposição, Afonso Dhlhakama.
Questionado sobre se a presença na mesa de negociações significaria o fim dos ataques, o chefe da delegação da Renamo, o deputado Saimone Macuiana, disse que o partido foi ao Centro de Conferências Joaquim Chissano para debater assuntos relacionados com a mediação. “Outros objetos não foram discutidos, mas quando for o momento, vamos avisar.”
No encontro, o governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) mostrou-se receptivo, segundo a agência noticiosa estatal AIM, à proposta da Renamo de incluir no diálogo observadores nacionais, nomeadamente o bispo da Igreja Anglicana Dom Dinis Sengulane e o acadêmico Lourenço do Rosário.
Em seguida deverão ser discutidos “os critérios, os termos de referência da participação de terceiros”, o que criará “condições muito mais positivas para o avanço do diálogo”, explicou o ministro dos Transportes e Comunicações, Gabriel Muthisse. O representante do Executivo classificou o espírito das duas delegações como positivo.
“Acho que a nossa expectativa, e creio que também é a da Renamo, não é ver quem ganhou ou perdeu. A nossa expectativa é que desse debate ganhem todos os moçambicanos. O nosso foco é que os moçambicanos ganhem, possam produzir e viver num clima de paz”, disse.
“Do trabalho que fizemos, de acordo com a agenda do dia, fica claro que é importante a presença da mediação e de observação, então iremos encontrar em conjunto a efetivação, com vista integrar a participação de todos. Como se sabe, todo mundo está interessado em ajudar o povo moçambicano a alcançar uma solução pacífica”, disse Macuiana, que afirmou esperar, nos próximos dias, avanços no processo.
Nas eleições municipais de novembro, boicotadas pela Renamo, a Frelimo foi confirmada como principal partido moçambicano, mas também a subida de um terceiro partido, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que agora governa a três capitais provinciais e conseguiu importantes votações em bastiões da Frelimo, como Maputo e Matola.
Para outubro, estão marcadas as eleições gerais, legislativas e presidenciais, em que será eleito novo Parlamento e novo chefe de Estado. Armando Guebuza, atual Presidente da República, não pode candidatar-se a um terceiro mandato. A Frelimo deve decidir no final do mês quem apresenta para concorrer à sucessão.
Os pré-candidatos do partido governamental são o primeiro-ministro, Alberto Vaquina, o ministro da Agricultura, José Pacheco, e o ministro da Defesa, Filipe Nyussi. A escolha será feita pelo comitê central, no início de março.
Com informações do jornal Público