Negociações sobre conflito no Sudão do Sul entram em impasse

As negociações entre os rebeldes e o governo do Sudão do Sul parecem ter estagnado, na tarde desta quarta-feira (8). O grupo armado “Exército Branco” diz que não haverá trégua enquanto o presidente sul-sudanês, Salva Kiir, não voltar atrás na prisão de 11 líderes rebeldes.

Sudão do Sul - solan Gemechu / AFP Photo

Até o momento, o presidente recusa-se a liberar os detidos, que foram presos no ano passado, sob a acusação de participar ativamente em um complô para um golpe de Estado, que seria planejado pelo ex-vice-presidente, Riek Machar.

Na manhã desta quarta, delegados do governo nas negociações – que estão sendo conduzidas na Etiópia, sede da União Africana – disseram que estão prontos para assinar uma trégua “em breve”, mas não deram mais detalhes.

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As partes em conversações estão encontrando-se pela primeira vez na capital etíope, Adis Abeba, enquanto batalhas intensas ainda estão ocorrendo no Sudão do Sul, sobretudo no estado de Jonglei (ou Junclái), rico em petróleo.

Uma emissora de rádio sul-sudanesa, a Radio Tamazuj, informou que a cidade de Mayom, no estado de Unity, foi “destruída” depois de dois dias de combates pesados entre as forças do Exército e os rebeldes partidários do ex-vice Machar, o chamado Exército Branco – pela camuflagem usada pelos rebeldes, com cinzas.

Quase um mês de violência no país já matou mais de 1.000 pessoas e forçou o deslocamento de mais 200.000, que se refugiam em estados vizinhos ou atravessam as fronteiras para países como o Uganda.

A Missão das Nações Unidas para o Sudão do Sul (UNMISS) havia informado, na terça-feira (7), que a maior parte das vilas ao longo da estrada de Mayom à cidade próxima de Pariyang pareciam queimadas e saqueadas. O oficial humanitário da ONU, Toby Lanzer, disse que iria ao estado de Unity para averiguar as condições locais.

A última onda de violência no recém-independente Sudão do Sul eclodiu em 15 de dezembro, quando soldados dissidentes atacaram um quartel do Exército. O presidente Salva Kiir acusou o seu antigo vice, Riek Machar, de planejar um golpe de Estado contra ele. Machar havia convocado o Exército para derrubar o presidente.

Testemunhas também têm atribuído um caráter étnico à violência, referindo-se ao discurso de mobilização usado por alguns líderes. O antagonismo contraporia o grupo étnico do presidente, Dinka, e do vice, Nuer, mas a fundamentação política e econômica deste que é um país rico em petróleo é mais aceita pelos analistas políticos.

Da redação do Vermelho,
Com informações do portal All Africa