"É impossível aceitar negociar a soberania do país", afirma Dilma
A presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (6), em entrevista ao Grupo RBS, que é impossível aceitar negociar a soberania do país. Ao se referir à denúncia de violação das comunicações e de dados do governo brasileiro pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA), a presidenta disse que é inadmissível permitir que os cidadãos brasileiros tenham seus direitos violados.
Publicado 06/11/2013 16:20
“É impossível conceber, eu como presidente, aceitar negociar a soberania do país. Falar ‘não, é possível espionar, sim’, ‘não, pode espionar a Petrobras’. Isso é inadmissível. Um presidente que fizer isso não merece a condição de presidente”, disse. “O que está em questão no caso da espionagem, da denúncia de espionagem contra o Brasil, mas contra outros países, é o fato de que você violou não só e-mails privados, violou ligações telefônicas, internet e privacidade, não só de chefes de Estado, mas de indivíduos e empresas. Dentro de um processo que não tem justificativa de luta contra o terrorismo”, completou.
Durante a entrevista, a presidenta Dilma explicou que as ações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não podem ser comparadas com as interceptações realizadas pela NSA.
“E acho que não pode comparar o que a Abin fez em 2003, 2004, até porque tem um lado dessa ação que segundo eles é contrainteligência, porque acharam que tinha interferência em negócios privados e públicos no Brasil, que não levou a nenhuma consequência de espionar ninguém na privacidade, acompanhou atividades. Isso é previsto na legislação brasileira. Até porque se cometesse ilegalidade, teríamos que afastar as pessoas envolvidas. No outro caso é um aparato de violação praticamente, tanto da privacidade, quanto dos direitos humanos, quanto da soberania dos países”, disse.
A presidenta afirmou ainda que a visita oficial aos Estados Unidos, programada para o fim de outubro, só poderia ser retomada em caso de desculpas pelo governo norte-americano.
“Eu iria viajar, a discussão que derivou dessas denúncias nos levou à seguinte proposta. Só tem um jeito de resolver o problema. Se desculpar pelo que aconteceu e dizer que não vai acontecer mais. Não foi possível chegar a esse termo (…) Não há interrupção nas relações diplomáticas, comerciais, de nenhum nível entre Brasil e os Estados Unidos. Não é possível, agora, que entre países amigos com relações estratégicas, não se leve em consideração que não é possível espionar a presidenta”, afirmou.
Fonte: Blog do Planalto