Lula defende reforma política em homenagem na Câmara
Sob aplausos e gritos de Olê, olê, olá/ Lula/Lula; cercados de pessoas que o paravam para pedidos de fotos e cumprimentos, o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou, na tarde desta terça-feira (29) à Câmara dos Deputados, onde foi homenageado com a medalha Suprema Distinção. A medalha foi entregue como “reconhecimento da Câmara dos Deputados ao enorme papel que tem desempenhado na construção de um Brasil mais forte, justo e soberano”.
Publicado 29/10/2013 18:13
Em seu discurso, para um plenário lotado e silencioso, o ex-presidente Lula defendeu a reforma política, “para aprofundar a democracia, requalificar os partidos, reduzir poder econômico e melhorar as formas de participação popular no processo eleitoral”, disse.
E destacou que a reforma política sofre resistência porque contraria interesses, mas não há outra solução para que se possa praticar a política da forma mais correta, defendendo o financiamento exclusivo público de campanha.
Ele devolveu os elogios recebidos na Câmara, que enalteceu o seu papel como líder político e governante, dizendo que mesmo sendo o Legislativo o poder mais achincalhado e desmoralizado pela imprensa, “foi a política que me permitiu chegar a Presidência da República e que permitiu transformar em realidade os sonhos que compartilhei com a população brasileira, o sonho de fazer três refeições por dia, de ter emprego com carteira assinada, do aumento da remuneração, de ter o filho estudando em universidade pública”.
Para Lula, a desqualificação da política tem servido apenas aos tiranos e aqueles que não são capazes de chegar ao poder por meio do voto. E afirmou que todos os agentes políticos tem parcela de responsabilidade nesse caso e que as instituições tem que aprimorar os mecanismos de transparência, que o serviço público deve ser exemplo para o cidadão comum e não se intimidar com o insulto travestido de crítica.
E, ao encerrar sua fala, o ex-presidente Lula destacou a importância da Constituição, que, segundo ele, garantiu o período mais longevo da democracia brasileira. Ele lembrou o episódio do final do seu segundo mandato, quando se cogitou em apresentar uma Emenda Constitucional que lhe garantisse o terceiro mandato e que ele, ao desestimular a proposta, disse que não se brinca com a democracia.
Protagonista da história
O presidente da Câmara, deputado Henrique Alves (PMDB-RN), que fez a fala inicial, disse que “com Lula os brasileiros perderam o complexo de inferioridade, puderam aspirar mais e passaram a ter orgulho de seu país, que deu exemplo de nação séria e empreendedora”.
E, ao encerrar a sessão, destacou que o discurso de Lula foi uma demonstração de democracia e amor ao povo brasileiro.
Ele disse ainda que a honraria criada pela Câmara dos Deputados para distinguir homens e mulheres que contribuíram para o progresso do Brasil. “Poucas personalidades da nossa história influíram tanto nos destinos da nação quanto o presidente Lula”, disse Alves, lembrando que Lula foi protagonista das mudanças no país, como sindicalista contribuindo com o fim da ditadura; quando fundou o PT, hoje um dos mais importantes partidos da esquerda na América Latina; e como Presidente da República, ao conduzir o Brasil para pujança econômica e combater a miséria.
Ao citar os avanços obtidos nos dois governos Lula de 2007 a 2010, o Presidente da Câmara disse que tão importante quando os avanços na economia e na política externa, foi a instalação de canais de democracia participativa, intensificando diálogo com a sociedade civil.
“Graças a seu carisma e realizações, é profundamente amado pelo povo brasileiro, principalmente os excluídos e marginalizados que saíram da pobreza com ações realizadas por ele. E concluiu seu mandato com 87% de aprovação popular, tornando-se o político mais respeitado no mundo inteiro”, resumiu Henrique Alves.
Na sessão, foi lido o telegrama enviado por Maria Prestes, viúva de Luis Carlos Prestes, cumprimentando à Câmara dos Deputados pela justa homenagem ao ex-presidente Lula, pela atuação durante o período que governou o País por dois mandatos, entre 2003 e 2011, e longos anos de luta pela democracia brasileira.
Suprema Distinção
A medalha “Suprema Distinção Câmara dos Deputados” foi criada pela Câmara em 2002 e destina-se a “agraciar os soberanos, os chefes de Estado, o presidente do Senado Federal, o presidente da República, o presidente do Supremo Tribunal Federal e altas personalidades estrangeiras e nacionais que, pelos serviços relevantes realizados em sua atuação pública, tenham-se tornado merecedores de especial reconhecimento”.
A medalha pode ser concedida pela Mesa Diretora, deve ser proposta por m ou mais de seus membros, ou pelo presidente da Câmara dos Deputados, por iniciativa própria. Os deputados Simão Sessim (PP-RJ), que é segundo-secretário da Mesa, e Eduardo da Fonte (PP-PE) indicaram o nome do ex-presidente Lula para ser homenageado com a comenda.
Na solenidade, eles também discursaram, destacando as ações e programas do governo Lula. Eles apontaram como maior obra dele como homem público foi resgatar da pobreza mais de 50 milhões de irmãos brasileiros. “Uma obra de engenharia política ao implantar o maior programa de distribuição de renda e essa obra tornou-o homem público, reconhecido mundialmente como exemplo a ser seguido”, disse Sessim.
Eduardo da Fonte agradeceu e parabenizou ao ex-presidente pelas ações que fez pelo Brasil. O líder do PT, deputado José Guimarães (CE), que também falou, disse que o maior legado de Lula foi sobre a necessidade de organização política dos humilhados. “A lição do líder brasileiro, amado por seu povo, desperta esperança e comove”, afirmou Guimarães.
De Brasília
Márcia Xavier