PMs foram obrigadas a ocultar provas de tortura contra Amarildo
Quatro policiais militares – todas mulheres – afirmaram ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) que foram obrigadas por superiores a ocultar provas da tortura ao ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, além de terem recebido ordens para mentir aos investigadores do caso.
Publicado 28/10/2013 11:07
As soldados, que trabalhavam na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, prestaram depoimento à promotora Carmen Eliza de Carvalho. "Elas desabaram. Choraram mesmo. E todas falaram a mesma coisa: 'Hoje, depois de muitos meses, eu vou conseguir dormir'", disse ela. As informações são do Bom Dia Brasil, da TV Globo.
As PMs esconderam as informações sobre a tortura durante mais de três meses – Amarildo desapareceu no dia 14 de julho, após ser levado à sede da UPP da Rocinha. Elas afirmaram que só tiveram coragem de contar a verdade depois que alguns dos policiais acusados de envolvimento no caso foram presos.
Uma das PMs disse que ouviu gritos e pedidos de socorro vindos de trás da sede da UPP, mas tapou os ouvidos para não ouvir – ela disse a duas colegas que "isso não se faz nem com um animal". A tortura durou cerca de 40 minutos – depois, houve silêncio e, em seguida, barulho de risos.
Outra PM disse à promotora que o então comandante da UPP, major Edson Santos, chamou os policiais para uma reunião com um advogado, e o encontro foi como um pré-depoimento: os agentes receberam orientações sobre o que deveriam falar aos investigadores. "Elas tinham muito medo do que poderia acontecer com elas. 'Vocês não ouviram nada, não teve nada de anormal e Amarildo desceu pela escada.' O tom era esse de orientação. Entenda-se determinação", disse a promotora.
O sumiço de Amarildo
Amarildo sumiu depois de ser levado por PMs para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade. O ex-comandante da unidade sustentou que o pedreiro foi ouvido e liberado, mas nunca apareceram provas que mostrassem Amarildo saindo da UPP, pois as câem frente à UPP. E eles ainda não contavam que uma outra câmera, mais para o fim da escada, estava em pleno funcionamento e não registrou a passagem do pedreiro como eles alegavam", completou ainda a promotora do Gaeco.
Os dez primeiros PMs denunciados e já presos negam participação no crime. O corpo de Amarildo segue com paradeiro desconhecido – no último dia 27 de setembro, uma ossada foi localizada no município de Resende, no sul do Estado do Rio de Janeiro. A necrópsia realizada, no entanto, não foi esclarecedora e um novo exame será realizado a fim de concluir o relatório para definir se trata-se, ou não, do ajudante de pedreiro morador da Rocinha.
Fonte: Portal Terra