Espanha vive segundo dia de greve contra cortes na educação
Os alunos do ensino secundário e superior dos colégios públicos da Espanha entraram nesta quarta-feira (23) no segundo dos três dias de greve contra os severos cortes aplicados na educação pelo governo de Mariano Rajoy.
Publicado 23/10/2013 13:38
Convocados pelo Sindicato de Estudantes (SE), mais de três milhões de alunos do ensino médio foram convocados para apoiar o protesto, que se encerrará na quinta-feira (24) com uma greve geral de professores, estudantes e pais.
Em seu primeiro dia, a greve registrou um apoio maciço, com mais de 80% das salas de aulas vazias em toda Espanha, destascou em declarações à imprensa a secretária geral do SE, Ana García.
Ana indicou que entre 80% e 90% dos estudantes não assistiram às aulas em várias comunidades autônomas, enquanto a convocação também foi seguida por um número importante de estudantes das universidades públicas.
Os severos ajustes aplicados nos orçamentos destinados à educação e a Lei Orgânica para a Melhora da Qualidade da Educação (Lomce), projetada pela administração de Rajoy, são o alvo da mobilização.
Para a Plataforma Estatal pela Escola Pública, que reune SE, Confederação Espanhola de Associações de Pais e Mães de Alunos e a várias centrais operárias, a reforma educativa impulsionada pelo Governo é elitista e segregadora.
Segundo a organização juvenil, a Lomce, sétima reforma em 37 anos de democracia, pretende devolver o ensino à época do franquismo, em alusão à ditadura do general Francisco Franco (1939-1975).
Entre outras impopulares medidas, a Lomce aumenta as taxas universitárias, reduz a capacidade de decisão das entidades autônomas, que têm transferidas as concorrências no ensino, suprime a seletividade e introduz exames de validação ao final da cada ciclo.
Alunos, docentes e famílias reprovaram as modificações promovidas pelo conservador Partido Popular, ao considerar que são contrárias à igualdade de oportunidades e favorecem a privatização da instrução estatal.
Catalunha, Canárias, Astúrias, País Basco e Andaluzia são alguns dos 17 territórios autonômicos do país que repudiam a lei, também conhecida como Lei Wert (pelo sobrenome do ministro de Educação, José Ignacio Wert).
Sindicatos e partidos políticos acusaram a direita de utilizar a crise econômica como oportunidade para o desmantelamento do sistema educacional.
Sua intenção é expulsar do sistema milhares de jovens das famílias mais humildes, denunciaram.
Em uma carta dirigida a Wert, a Plataforma Estatal pela Escola Pública declarou-o pessoa non grata e inimigo da educação.
Sua tarefa à frente desse departamento merece a mais absoluta reprovação e deve renunciar, segundo o documento entregue no protocolo do Ministério de Educação.
Fonte: Prensa Latina