Espanha vive segundo dia de greve contra cortes na educação

Os alunos do ensino secundário e superior dos colégios públicos da Espanha entraram nesta quarta-feira (23) no segundo dos três dias de greve contra os severos cortes aplicados na educação pelo governo de Mariano Rajoy.

Convocados pelo Sindicato de Estudantes (SE), mais de três milhões de alunos do ensino médio foram convocados para apoiar o protesto, que se encerrará na quinta-feira (24) com uma greve geral de professores, estudantes e pais.

Em seu primeiro dia, a greve registrou um apoio maciço, com mais de 80% das salas de aulas vazias em toda Espanha, destascou em declarações à imprensa a secretária geral do SE, Ana García.

Ana indicou que entre 80% e 90% dos estudantes não assistiram às aulas em várias comunidades autônomas, enquanto a convocação também foi seguida por um número importante de estudantes das universidades públicas.

Os severos ajustes aplicados nos orçamentos destinados à educação e a Lei Orgânica para a Melhora da Qualidade da Educação (Lomce), projetada pela administração de Rajoy, são o alvo da mobilização.

Para a Plataforma Estatal pela Escola Pública, que reune SE, Confederação Espanhola de Associações de Pais e Mães de Alunos e a várias centrais operárias, a reforma educativa impulsionada pelo Governo é elitista e segregadora.

Segundo a organização juvenil, a Lomce, sétima reforma em 37 anos de democracia, pretende devolver o ensino à época do franquismo, em alusão à ditadura do general Francisco Franco (1939-1975).

Entre outras impopulares medidas, a Lomce aumenta as taxas universitárias, reduz a capacidade de decisão das entidades autônomas, que têm transferidas as concorrências no ensino, suprime a seletividade e introduz exames de validação ao final da cada ciclo.

Alunos, docentes e famílias reprovaram as modificações promovidas pelo conservador Partido Popular, ao considerar que são contrárias à igualdade de oportunidades e favorecem a privatização da instrução estatal.

Catalunha, Canárias, Astúrias, País Basco e Andaluzia são alguns dos 17 territórios autonômicos do país que repudiam a lei, também conhecida como Lei Wert (pelo sobrenome do ministro de Educação, José Ignacio Wert).

Sindicatos e partidos políticos acusaram a direita de utilizar a crise econômica como oportunidade para o desmantelamento do sistema educacional.

Sua intenção é expulsar do sistema milhares de jovens das famílias mais humildes, denunciaram.

Em uma carta dirigida a Wert, a Plataforma Estatal pela Escola Pública declarou-o pessoa non grata e inimigo da educação.

Sua tarefa à frente desse departamento merece a mais absoluta reprovação e deve renunciar, segundo o documento entregue no protocolo do Ministério de Educação.

Fonte: Prensa Latina