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William Menezes: Os caminhos do poder norte-americano

Para falarmos do contexto mundial, temos que nos referir ao imperialismo norte-americano que tem sua base em dois pilares: A sua força militar espalhada no mundo, como também o seu poder brando de controle cultural. Assim é pertinente discutimos como se deu este processo de atração e de uma construção da falência de tal poder hegemônico, unilateral e de isolamento no mundo que ele mesmo construiu.
*Por William Menezes dos Santos

Iniciada no século 15, a expansão do capitalismo se fez sob o impulso de inovações tecnológicas, com seus efeitos econômicos e militares, de ‘inovações ideológicas’. Analise dessa expansão deve ser feita à luz da estreita inter – relação entre essas duas modalidades de inovações e tendo em vista seu objetivo principal, que é a acumulação de riqueza no centro do sistema e o crescente bem – estar de suas elites [1].

Neste sentido, do século 16 a 21, várias nações se credenciaram no cenário mundial como potências, neste caso a Espanha, Holanda, Grã – Bretanha, Estados Unidos e União Soviética, no acúmulo de riquezas e poderio militar.

No século 20 até a queda do muro de Berlim e o colapso da União Soviética teríamos o poder industrial e a força militar com arsenais nucleares de alcance intercontinental, constituindo a divisão do poder entre dois colossos, de um lado os Estados Unidos da América e do outro a União Soviética, caracterizando o equilíbrio e a chamada de bipolaridade imposta pela Guerra Fria entre o capitalismo e o socialismo.

Hoje no século 21 uma nação credencia-se na unipolaridade, pois Joseph Nye Jr indica que os Estados Unidos é potência com seis predicados, uma grande população garantindo assim um mercado consumidor interno, um território extenso, recursos naturais, “vigor econômico”, uma força militar espalhada pelo globo e estabilidade política, aparentemente um país seguro.

Mas após 11 de setembro de 2001, este poder seria questionado no sentido de que os nortes – americanos não estavam sozinhos no mundo e que deveriam reavaliar a sua política externa, perante o resto do globo, saindo do isolacionismo e empreendendo a lutar contra o terror com as demais nações.

Mas o paradoxo é estar em todos os lugares e não ser intervencionista. Os Estados Unidos, não pode utilizar-se de seu poder bruto a todo o momento, pois poderá chegar ao colapso, para isso joga na economia sua estratégia de autoproteção, utilizando-se do expediente do poder brando na falácia de proteção do mundo e de seu território construindo a imagem no cinema do Tio Sam, do Super-Homem, do Batman e do Homem Aranha, aproveitando dos bens culturais (mídia), vendendo deslavadamente o modo de viver americano (leia-se o ultra-capitalismo e o conservadorismo preconceituoso em relação aos países em desenvolvimento, a exemplo ao que acontece na Venezuela) é exportado e a disseminação da democracia liberal pelo mundo muçulmano, o que fica evidente é que as nações estão perdendo sua soberania na corrida por uma democracia que não tem a participação do povo. A democracia no oriente é mais um produto vendável da diplomacia cultural norte – americana.

Veremos nesta disputa uma tentativa de convencer o outro (nações), através da indústria cultural e da negociação, caracterizando o poder brando, este aparato é utilizado nos acordos comerciais e ambientais, ou mesmo, nas querelas entre nações. Os Estados Unidos com sua hegemonia alto constitui-se o arbitro da paz mundial.

Porém temos nações que podem contrapor a essa hegemonia, constituindo uma multipolaridade de poder na construção de blocos, sendo uma preocupação para os americanos, a união de países, em blocos especialmente os BRICs. Inicialmente, aponta a China como uma das nações que poderá entrar em guerra, tanto no cenário local (Ásia), quanto no internacional contra os Estados Unidos, como medida de contra posição ao poderio americano.

Essa “união dos outros países para compensar o poder americano vai depender do comportamento dos Estados Unidos, assim como dos recursos de poder dos […] desafiantes potenciais”[3], neste caso os interlocutores da política externa deverá negociar e não ter mais uma postura isolacionista, como vimos nos interesses comerciais norte – americanos, que são assegurados mesmos estando fora do seu território por suas empresas multinacionais.

Outras fontes para minar e de contraposição a tal poder, são atores não convencionais (os terroristas e os hackers) que causam prejuízos e medo dentro da Revolução da informação e das democracias, sem o controle dos Estados, perpassando as fronteiras nacionais.

Assim este mosaico construído pelos atores globais, tem a participação do Brasil ativo na ONU, como a sua aproximação da Índia e da China para construir uma alternativa em contra posição ao poder de atração econômica e cultural que assola nossa nação desde os anos 20 do século passado, impostos pelos americanos, o regionalismo é algo que se coloca como contrario a globalização, sendo bandeira inteligível a construção do Mercosul, tudo isso é perceptível pela política externa do Brasil, constituindo política de estado. O Brasil está no caminho certo.

Neste contexto global a partir do 11 de setembro e dos ataques aos Afegãos, aos Iraquianos, a Líbia, a Síria e o incentivo de ataques aos Palestino por parte de Israel. O poder dos EUA está entrando no chamado isolacionismo ou eles fazem concessões ou ficará cada vez mais evidente a diminuição do poder hegemônico e do seu imperialismo.

*William Menezes dos Santos é militante do PCdoB Recife-PE.

Bibliografia:

1- Guimarães: Samuel Pinheiro. Globalização, guerra e violência. In: Novaes, Adauto (org.). A crise do Estado – Nação. Rio de Janeiro: Civilização Brasiliense, 2003. p. 485.

2 – Nyer Jr, Joseph S. O paradoxo do poder americano: porque a única superpotência do mundo não pode prosseguir isolada. Trad. Luiz Antônio Oliveira de Araújo. São Paulo; UNESP, 2002. p. 49.