Pai do Brics contesta “pessimismo exagerado”
O economista inglês Jim O'Neill aposta em crescimento de 4% para o PIB brasileiro este ano; ele foi a voz dissonante no Congresso da BM&F Bovespa; Pérsio Arida, do BTG Pactual, defendeu doses de desemprego para frear a economia; Gustavo Franco enxerga um 2014 sinistro pela frente; "A avaliação da economia, aqui, sobe e cai muito influenciada pelos eventos que acabaram de acontecer", ensinou O'Neill; humildade, senhores!
Publicado 02/09/2013 14:12
Conhecido como pai do Brics (ele criou a sigla que designa o grupo de potências econômicas Brasil, Rússia, Índia, China, com a inclusão posterior da África do Sul), o economista inglês Jim O'Neill não só acredita num maior potencial de crescimento do Brasil, em comparação a outros economistas – especialmente brasileiros –, como avalia que existe um "p/essimismo exagerado" sobre esse tema.
O'Neill vê como erradas as projeções de que o crescimento do país seria de no máximo 2,5%. Com base no desempenho da economia nacional este ano, ele acredita que o PIB ainda pode avançar a uma taxa de até 4%.
O estudioso de países emergentes foi voz a dissonante no 6º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, realizado entre quinta-feira e sábado em Campos do Jordão, interior de São Paulo, pela BM&FBovespa.
Ele declarou não haver justificativas objetivas para o pessimismo dos demais economistas participantes do evento. Ao comentar o crescimento brasileiro registrado no segundo trimestre (1,5%), o professor de finanças da Universidade de Columbia indicou que o crescimento de 2013 pode surpreender positivamente, a não ser que haja uma forte desaceleração no segundo semestre.
Em sua apresentação, O'Neill disse que podem ser várias as fontes desse crescimento e ressaltou que a desvalorização do real diante do dólar pode inclusive ser favorável para a melhora da economia, com a inflação mantida sob controle pelo Banco Central. Ele concordou com os colegas do encontro, porém, que o governo deve reduzir sua participação no mercado de crédito, fazendo críticas à equipe econômica, que, segundo ele, quer transformar o Brasil numa China.
Ao comentar sua avaliação sobre o Brasil desde que criou o termo Bric, disse que ela se mantém a mesma, mas afirmou que, no grupo, é o país cujas expectativas são as que mudam mais rapidamente. "A avaliação aqui sobe e cai muito influenciada pelos eventos que acabaram de acontecer", disse. Ele disse que tiraria o "B" do Bric apenas depois de excluir o "I". A Índia é o país que possui o pior desempenho no quesito "melhor ambiente de crescimento", avaliado por um indicador que considera 18 quesitos de mais de cem países.
Tucanos querem crescimento menor, e mais desemprego
No mesmo encontro, economistas da era do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso previram turbulências e pediram mais desemprego. Para o ex-presidente do Banco Central e do BNDES Pérsio Arida, por exemplo, a economia brasileira está crescendo acima do seu potencial e deveria ser freada imediatamente. Ele sugeriu uma taxa de desemprego entre 6,5% e 7%, uma medida que atiraria na rua da amargura milhões de brasileiros. No último sábado (31), o também economista tucano Gustavo Franco previu grandes turbulências em 2014, confirmando o pessimismo condenado por O´Neill.
Com informações do portal Brasil 247