Publicado 24/08/2013 10:34 | Editado 04/03/2020 17:16
Os chamados cartolas do nosso futebol, desde o primeiro, o introdutor do esporte, Charles Miller, de família da aristocracia inglesa em São Paulo, são mais analisados por seus defeitos que por suas virtudes. Se um ou outro é acusado de sumir com o dinheiro do clube, muitos tiraram do bolso para o time entrar em campo. Foi com eles que o Brasil tornou-se a maior potência futebolística do planeta, até conquistando cinco Copas. Mas hoje vivemos um paradoxo que exige mudanças. Se a Seleção é celebrada e os jogadores brasileiros brilham nos campos do mundo, os clubes têm pouco valor de mercado e escasso prestígio global.
O mais valioso, segundo dados de 2012 da consultoria BDO, é o Corinthians, de R$ 1,1 bilhão, seguido do Flamengo, com R$ 792 milhões. De acordo com revista Forbes, em 2013 o primeiro é o Real Madri, com valor aproximado de R$ 8 bilhões, e a seguir vem o Manchester United, com cerca de R$ 7,5 bilhões.
Chama mais atenção, no entanto, a diferença na admiração aos clubes. Os europeus arrebanham muito mais torcedores e aficionados. Uma medida atual é o número de fãs no Facebook. Corinthians (4,1 milhões) e Flamengo (1,1) estão longe de Real Madri (39 milhões) e Manchester (34 milhões. O Barcelona reúne 44 milhões de seguidores na rede social. Foi-se o tempo em que, projetados pelas Copas de 1958 e 1962, os clubes brasileiros arrastavam multidões aos estádios mais longínquos. O Santos impunha trégua em guerra civil para que os combatentes vissem Pelé jogar.
A organização do futebol demanda reciclagem (e renovação) dos dirigentes. Assim como a economia busca inserir-se na competição global, a meta dos clubes é gerar negócios em escala compatível com o ponto de excelência que o futebol atingiu no Brasil. Não basta exportar matéria-prima, ou seja, os craques coletivamente mais valorizados do mundo.
*Aldo Rebelo é ministro do Esporte
Fonte: Diário de S. Paulo