"Mercosul" é a palavra-chave no Paraguai de governo novo

No meio da avalanche mediática pela tomada de posse do novo presidente paraguaio, Horacio Cartes, poderia ser dito que "Mercosul" foi a palavra mais mencionada no país durante a semana que termina. O fim das sanções ao Paraguai do agrupamento de países sul-americanos, em consequência do golpe de Estado do passado ano, colocou no centro das análises políticas de diferentes signos a futura estratégia regional do país.

Paraguai - Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

Sem desconhecer as expectativas e esforços criados pelos preparativos e culminação da mudança de governo, as menções ao bloco integracionista que muito representa para a nação, acapararam expressões coincidentes com sua transcendência.

Essa expectativa alimentou-se de forma decisiva pela chegada a Assunção das presidentes do Brasil e Argentina, Dilma Rousseff e Cristina Fernández, e os mandatários do Uruguai, José Mujica, e do Peru, Ollanta Humala, presidente pro-tempore da Unasul.

Para ninguém é um segredo que, de forma sustentada e cada vez mais agressiva, a campanha da direita paraguaia, assentada nos principais meios de difusão controlados por ela, se dirigiu a exacerbar a rejeição a um regresso do Estado guarani ao Mercosul.

O rosário de publicações contra o bloco e especialmente contra Venezuela, seu atual presidente pró témpore, chegou a ignorar as consequências econômicas que para um pequeno e mediterrâneo país, com um alto grau de pobreza, tem renunciar a esses vínculos.

Os ataques ao Mercosul mostraram em todo momento, à medida que acercava-se a extinção das sanções, a profundidade política de uma oposição férrea ao projeto de integração que representa junto a Unasul.

A obsessão quase suicida de renunciar a um mercado de 6,5 bilhões de dólares anuais e a uma plataforma de saída para outras regiões com benefícios alfandegários, se aprofundou nos dias anteriores à assunção de Cartes pelo inevitável de definições por parte do novo governo já em funções.

Em definitivo, para além do lógico período de tempo que deverá o reacomodo de posições públicas, os pronunciamentos do presidente paraguaio parecem se dirigir para soluções racionais do tema em questão e sublinharam a falta de confrontos políticos com Venezuela.

Ainda é fácil fazer algumas previsões sobre os estertores internos da ultradireita paraguaia e suas reações à já mais possível materialização de um entendimento que permita a Paraguai se reintegrar a todas as atividades do Mercosul e Unasul.

Muitos pensam que ainda se seguirão exercendo fortes pressões sobre o novel governo paraguaio e este deverá demonstrar sua capacidade das resistir e as vencer se está convencido da posição agora adotada.
 
Fonte: Prensa Latina