Testemunhas com medo e a pergunta continua: Quem matou Ricardo?

Testemunhas das agressões de três policiais militares contra o auxiliar de limpeza Ricardo Ferreira Gama, de 30 anos, no campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), passaram a viver escondidas depois do assassinato do rapaz, ocorrido dois dias depois das agressões, em circunstâncias ainda não esclarecidas.


Ricardo sendo levado por policiais / foto: reprodução de vídeo

As testemunhas acreditam que há relação entre a violência policial e o homicídio. Também por segurança, eles têm evitado usar celulares, redes sociais e e-mails considerados inseguros.

Segundo alunos, professores da Unifesp aconselharam os estudantes que se envolveram de alguma forma com os fatos a passarem alguns dias fora da Baixada.

No dia 31 de julho, Ricardo fumava uniformizado e com crachá em frente a um prédio abandonado que fica do lado da universidade, na Vila Mathias, em Santos, quando policiais mandaram que ele saísse do local. A linguagem usada pelos PMs, segundo as testemunhas, foi grosseira e agressiva. Ele retrucou e acabou agredido no rosto. Cerca de 40 pessoas viram ele ser arrastado para dentro do prédio abandonado e filmaram a cena (vídeo abaixo).

Ricardo foi colocado no camburão de um viatura. Os policiais disseram que o levariam direto para o 1º Distrito Policial. Algumas pessoas foram até lá para registrar queixa de abuso de poder, mas acabaram encaminhadas ao 4º DP. Elas afirmam terem sido ameaçadas para não realizar o registro.

O auxiliar foi levado à Santa Casa e convencido a não fazer o registro da ocorrência.

Ricardo voltou ao trabalho horas depois da agressão e pediu às testemunhas que não registrassem ao crime. Ele teria contado a algumas pessoas que já havia sido preso e que se sentia perseguido por alguns policiais. Mas, segundo a secretaria de Segurança Pública, Ricardo não tinha antecedentes criminais.

Nos dias seguintes, PMs foram vistos dentro do campus universitário fazendo perguntas sobre os vídeos da agressão. Por volta de 1h30 da sexta-feira, Ricardo foi assassinado a tiros. Segundo o B.O., homens em duas motos e um carro o teriam alvejado quando saía da Unifesp, já próximo à sua casa, no mesmo bairro.

“A gente achou que como ninguém ia fazer o B.O. o caso estava encerrado. Mas eles foram muito ousados”, afirmou uma das pessoas que testemunharam as agressões.

Fonte: Rede Brasil Atual